Vodafone contra a venda da TVI à Meo: “Não há remédio” para o negócio

Para a Vodafone a venda da TVI à Meo “não pode ser aprovado”, nem mesmo com a imposição de remédios, defende Mário Vaz.

Mário Vaz defende que a compra da Media Capital pela Altice “não pode avançar”. O administrador delegado da Vodafone Portugal não acredita que o negócio vá para a frente, até porque “não há remédios” para equilibrar o negócio.

“O negócio não pode ser aprovado, porque os clientes deixam de ter opção de escolha”, disse Mário Vaz, num encontro com jornalistas esta terça-feira. O responsável acredita que o negócio não avançará e que “a decisão tem de ser um Não”.

Mário Vaz defende que a venda da TVI à Meo é um negócio que não pode ir para a frente até porque não há remédios que corrijam os problemas de concorrência que se levantam. “Não acredito nos remédios, porque é tanto o potencial de criatividade à volta de remediar o remédio, que na prática é um ‘Não remédio’. A consequência é praticamente a mesma do que é a aprovação”, explica Mário Vaz.

Relativamente à posição dos reguladores, Mário Vaz diz que a decisão da Anacom “está muito alinhada” com a visão da Vodafone Portugal. “É relativamente simples perceber as consequências de uma aprovação e o que é que isso significa, quer para as telecomunicações, e as consequências que isso tem para o país e para a concorrência”, defende o CEO da Vodafone.

Vodafone não quer entrar no negócio dos conteúdos

Confrontado perante a viabilidade de a Vodafone estabelecer uma parceria com a Nos na área dos conteúdos que permitisse fazer frente ao negócio TVI/Altice, Mário Vaz descarta essa possibilidade. “Do que ouvi no congresso [APDC], a Nos também não pretende entrar nessa área, e a Vodafone desde sempre referiu que não iria estar no negócio dos conteúdos. Estaremos sim disponíveis para colaborar para que os grupos de media nacionais possam sobreviver, e acima de tudo os conteúdos portugueses. Coisa que fica claramente em risco se essa aquisição [compra da TVI pela Meo] fosse aprovada”, salienta.

A Vodafone já se tinha manifestado contra a realização desta venda nomeadamente no congresso da APDC. Madalena Sutcliffe, diretora de legal e regulatory affairs da Vodafone Portugal, considerou que a fusão TVI/Altice cria “grandes problemas”, concretamente ao nível do acesso “aos canais e conteúdos TVI”, ao “espaço que o grupo Media Capital e a Altice oferecem” e à “informação dos concorrentes que a Altice vai ter e vai poder usar para seu proveito”. “Estamos a falar de estratégias não só do bloqueio do canal. Mas não estou aqui para dar ideias”, ironizou a diretora.

No encontro com os jornalistas que decorreu esta terça-feira, o administrador delegado da Vodafone Portugal diz ainda não está preocupado com o que possa acontecer à Vodafone em resultado desse negócio que está a ser avaliado pelo reguladores, que está agora centrada em concluir a parceria que está a desenvolver com a NOS de partilhar as suas redes de fibra ótica e infraestrutura móvel. Mas assume que teria dificuldade em explicar ao acionista se tal acontecesse. “É tão estranho que o acionista terá dificuldade em perceber“, diz.

Relativamente ao risco da casa-mãe da Vodafone Portugal poder desinvestir no negócio em território nacional em resultado de uma eventual concretização da venda da TVI à Meo, Mário Vaz prefere falar em “ajustes de investimento“. “Terá de ser revisto o que estamos a fazer e adaptar”, acrescenta.

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