Como Salgado pagou a Sócrates, Bava e Granadeiro para favorecer interesses na PT

O antigo líder do BES terá feito pagamentos a José Sócrates, mas também a Zeinal Bava e Henrique Granadeiro. O principal objetivo? Favorecer a sua estratégia para a PT, da qual o BES era acionista.

O antigo líder do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, terá ordenado o pagamento de luvas ao ex-primeiro-ministro José Sócrates que, entre 2006 e 2009, terá acumulado 24 milhões de euros na Suíça, segundo o Ministério Público (MP). Além de Sócrates, Salgado terá ordenado pagamentos a Zeinal Bava e Henrique Granadeiro que, à data dos factos, exerciam funções na administração da Portugal Telecom (PT).

“Os fundos acumulados na Suíça integravam também pagamentos determinados pelo arguido Ricardo Salgado, com a mobilização de quantias oriundas de entidades em offshore que pertenciam ao Grupo Espírito Santo (GES). Tais pagamentos estavam relacionados com intervenções de José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, em favor da estratégia definida por Ricardo Salgado para o grupo PT, do qual o BES era acionista”, lê-se numa nota do MP enviada à comunicação social. Contas de Hélder Bataglia no estrangeiro terão sido usadas para movimentar esse dinheiro, com recurso a “contratos fictícios”.

Mas a teia vai ainda mais longe. Ricardo Salgado terá ordenado pagamentos igualmente a Zeinal Bava e Henrique Granadeiro entre 2006 e 2010, à data administradores da PT. Estes últimos aceitaram “esses pagamentos para agir em conformidade com interesses definidos por Ricardo Salgado para o BES enquanto acionista da PT”.

Mais tarde, entre 2010 e 2011, José Sócrates terá voltado a beneficiar de pagamentos ordenados por Ricardo Salgado. Em causa, um “esquema” montado por Carlos Santos Silva, outro dos arguidos mais mediáticos do processo, que, recorrendo a Joaquim Barroca e Hélder Bataglia, terá produzido um “contrato promessa de compra e venda de um edifício em Angola” — contrato esse que teria como objetivo falhar e justificar a movimentação dos fundos.

“Através do incumprimento desse contrato promessa e consequente perda do sinal, foi justificada a transferência de uma quantia para as contas do grupo Lena que ficou com o encargo de devolver o mesmo montante a Carlos Santos Silva ou a sociedades do mesmo, para este, por sua vez, fazer chegar o dinheiro a José Sócrates”, conclui a nota do MP sobre a acusação.

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