Carlos Costa: Travão a dinheiros públicos na banca “pode exacerbar riscos sistémicos”

  • Rita Atalaia
  • 17 Outubro 2017

O governador do Banco de Portugal reconhece que o setor financeiro está mais forte. Mas alerta que "não está imune a riscos". E diz que a regulação pode acabar por "exacerbar riscos sistémicos".

A crise castigou fortemente o setor financeiro, levando ao resgate de vários bancos. Carlos Costa defende que haja flexibilidade na utilização de dinheiros públicos para resolver situações de emergência. E que ao limitar-se a utilização de dinheiro dos contribuintes para salvar bancos, os reguladores poderão “exacerbar riscos no caso de uma crise sistémica”.

“Ao limitarem as opções de política em termos da utilização de dinheiros públicos, os reguladores podem acabar por exacerbar riscos no caso de uma crise sistémica”, afirma o governador do Banco de Portugal numa conferência sobre estabilidade financeira, que decorre no banco central. “Pôr em risco a estabilidade financeira vai resultar em perdas e terá consequências penalizadoras para a economia”, acrescenta Carlos Costa.

No rescaldo da crise, e para proteger os contribuintes de suportarem as perdas no setor privado, “houve um forte ímpeto contra envolver dinheiro público na criação de uma rede de segurança para o sistema financeiro. Os princípios de bail-in na resolução dos bancos prevaleceram, assim como uma aversão a provisões para bail-out. Embora isto deva ser a norma, a flexibilidade deve ser preservada para resolver situações de emergência”, refere o líder do banco central.

Apesar de o governador reconhecer que é “indiscutível” que o sistema financeiro na maioria dos países desenvolvidos está mais forte do que no início da crise financeira, em 2007, Carlos Costa alerta que o setor “não está imune a riscos e que os instrumentos de política existentes são incapazes de resolver totalmente o persistente legado da crise”.

Carlos Costa volta a alertar para a necessidade de se concluir a União Bancária. “O facto de a União Bancária estar incompleta na Europa e a implementação do regime de resolução é uma combinação perigosa”, remata o governador do Banco de Portugal.

(Notícia atualizada às 10h27 com mais detalhes)

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