PSD chumba Orçamento: “Governo não tem uma noção reformista”

Pedro Passos Coelho antecipa que, se não forem feitas reformas, quando houver uma nova crise, vai ser preciso "voltar ao princípio".

O PSD vai chumbar o Orçamento do Estado para 2018, votado na generalidade esta sexta-feira, por considerar que a proposta do Governo “não está orientada para o futuro” nem traz as reformas que considera necessárias. “Quando tivermos uma nova crise, teremos de voltar ao princípio”, acredita Pedro Passos Coelho.

O ainda líder social-democrata falava no encerramento das jornadas parlamentares do PSD e decidiu ir “diretamente ao assunto”: “Este é um Orçamento do Estado que merece o nosso voto contra, não há nenhuma dúvida sobre isso. Merece o nosso voto contra porque não serve, do ponto de vista estratégico, o interesse coletivo, nem está orientado para o futuro e não traz escolhas políticas a pensar nos trabalhos, ainda grandes, que a sociedade portuguesa tem pela frente”, disse Passos Coelho, em Braga, em declarações transmitidas pela RTP 3.

Passos Coelho considera que o Orçamento para o próximo ano está “voltado para os equilíbrios políticos que sustentam o Governo” e é o resultado de um “somatório de interesses particulares que não estão enquadrados numa visão de interesse coletivo”. Isto porque, defende, este Orçamento “só está preocupado com o presente”, em vez de estar “inserido numa perspetiva de médio e longo prazo”.

O líder do PSD critica ainda o facto de o Governo usar a atual conjuntura económica, que reconhece ser favorável, para devolver rendimentos de forma mais rápida, em vez de usar esta conjuntura, bem como a margem orçamental que foi alcançada com o défice mais baixo da democracia, para fazer reformas que impeçam o país de cair numa nova crise. “Se é verdade que, hoje, a conjuntura favorece uma recuperação de rendimentos mais rápida, também é verdade que não é possível restaurar rendimentos se, ao mesmo tempo, não tivermos capacidade de corrigir os desequilíbrios que levaram às decisões que penalizaram os rendimentos”, afirmou.

“Se usarmos apenas a conjuntura favorável, quando tivermos uma nova crise, teremos de voltar ao princípio”, antecipa Passos Coelho. “É isso que toda a comunidade política em Portugal tinha a obrigação de evitar. O Governo que governasse nestes quatro anos tinha como obrigação primeira contribuir para ultrapassar os desequilíbrios profundos que ainda marcam a nossa sociedade e garantir que não temos de voltar ao princípio das crises”, acrescentou.

PSD apresentará propostas de alteração

Apesar de ter anunciado o voto contra ao OE2018, Passos Coelho garante que o PSD vai apresentar propostas de alteração.

O objetivo, disse o líder social-democrata, é “traçar caminhos” para resolver os principais problemas do país. Nesse sentido, o PSD vai dar “atenção prioritária às empresas”, com a “preocupação de melhorar a qualidade do emprego e o rendimento” das famílias e não como faz o Governo, acusa, que procura ver “como é que morde nas canelas das empresas e vai lá buscar mais um bocadinho para ver como é que suporta os interesses dos partidos” que o apoiam.

Além disso, o PSD prepara-se para repetir propostas para reformas estruturais que já apresentou no passado, adiantou Passos, e alterações para “corrigir erros clamorosos que a proposta apresenta.” E rematou: “Até eu ceder o meu lugar ao que vier a seguir a mim, não é o PSD que suporta este Governo nem os seus orçamentos errados.”

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