Pedro Simões Dias. Do rigor do direito ao ‘boho chic’ da Comporta

  • Juliana Nogueira Santos
  • 19 Dezembro 2017

Pedro Simões Dias. As essências particulares da Comporta levaram este advogado a criar um perfume de nicho. A este hobby junta o “rigor” da advocacia e retira a “gratificação” do processo de criação.

O que têm em comum a advocacia e a arte de fazer perfumes? Antes de tudo, um nome: Pedro Simões Dias. O advogado, que até há pouco tempo exercia funções na DLA Piper ABBC divide a sua vida entre o direito informático e o direito de autor e a perfumaria de nicho, com a sua marca Comporta Perfumes a materializar algumas das suas paixões mais antigas.

“Não sou um advogado das áreas tradicionais. Nunca fiz as áreas nobres que os grandes escritórios gostam de ter”, confidencia Pedro Simões Dias à Advocatus – na segunda edição powered by ECO – garantindo que o facto de estar rodeado de criativos o influenciou na criação de uma marca própria. “Sempre estive em contacto com engenheiros informáticos, atores, realizadores, até bandas musicais.”

Pedro Simões Dias em entrevista ao ECO/AdvocatusHugo Amaral

 

Aliada à criatividade esteve a vontade de fazer um perfume de nicho, não só porque o advogado é, segundo o próprio, “um dos maiores colecionadores de nicho da Europa”, mas porque a sua sensibilidade olfativa o exigia. “Havia perfumistas e distribuidores que antes de lançarem um perfume mo mandavam para eu cheirar e para ser uma espécie de spin doctor olfativo”, conta o advogado.

Assim, dizem os códigos que um perfume de nicho junta matérias naturais e moléculas sintéticas de alto nível, vários prismas olfativos e uma experiência especial do consumidor. E para encontrar isso não precisou de percorrer muitos quilómetros. “A Comporta é uma linha de praia, por isso temos brisa marítima, com sol e vento, depois temos vegetação rasteira, com estevas, tomilhos, giestas, depois pinheiros e zimbros, a seguir os arrozais e só depois as casas”, enumera o advogado, frisando que “a influência humana nos cheiros é muito pequena”.

Para além da diversidade e complexidade dos cheiros, a Comporta traz à marca uma identidade elegante e ao mesmo tempo descontraída. Um ‘boho chic’ que tem conquistado milhares de turistas que não resistem a visitar a vila e a praia. “Acho que a Comporta vai ser uma das marcas do futuro dentro de uma área muito requintada e exclusiva”, prevê o também empresário.

O facto de poder imprimir no seu produto a sua criatividade e a sua paixão leva Pedro Simões Dias a considerar este seu hobby “mais gratificante” que a advocacia. “Quando entro num gabinete de um colega e digo ‘cheira isto para ver se gostas’, o mundo muda nessa sala. Se eu chegasse lá para discutir uma norma só para alguns é que o mundo mudava” distingue.

A gratificação ainda não é suficiente para que o plano passe por abandonar os códigos para se dedicar por completo às essências, com o advogado a afirmar que vê este como um negócio que tem de dar dinheiro, mas que não vai ser a sua vida. A justificação não estará, porém, nos números: “Entrámos nas lojas a 21 de julho e já tive vários pedidos de reposição de todos os meus clientes”, afirma o advogado, garantindo que a Comporta Perfumes está próxima de atingir o breakeven.

Ainda assim, a relação entre a advocacia e a perfumaria não é apenas composta por dicotomias. Pedro Simões Dias garante que há um fato que veste nas duas práticas, o do rigor. “Quando falei com os perfumistas e lhes dei uma história, fui analisando e sugerindo as notas que eu queria. Senti nesse exercício o mesmo rigor que tenho quando analiso um contrato ou uma norma”, afirma.

Para além de estarem à disposição no site oficial da marca, os perfumes de Pedro Simões Dias estão à venda em mais de dez lojas físicas em Portugal, bem como em Espanha e na República Checa. A entrada em novos mercado está para breve, com Itália, França, Rússia e Estados Unidos a serem os próximos países a serem borrifados pelos cheiros particulares da Comporta.

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