Miguel Frasquilho já não será ‘diretor’ por um dia no DN

Uma decisão que surge na sequência das notícias que davam conta que familiares do chairman da TAP terão recebido transferências de uma conta na Suíça, detida pela Espírito Santo Enterprises.

Miguel Frasquilho já não será o ‘diretor’ por um dia na edição impressa do Diário de Notícias do dia em que o jornal celebra o seu 153º aniversário. Seria uma edição especial a publicar no dia 29 de dezembro, mas o ECO sabe que essa mesma edição já não contará com a colaboração do atual chairman da TAP.

Contactado pelo ECO, Paulo Baldaia confirmou a suspensão do convite. “Perante a notícia do Expresso sobre a transferência de rendimentos e tendo Miguel Frasquilho pedido uma auditoria à Autoridade Tributária sobre este assunto, entendemos de comum acordo que fazia sentido suspender este convite”, disse o diretor do jornal centenário. “O que importa agora é sublinhar os 153 anos do DN e esta edição especial”, concluiu Paulo Baldaia.

Uma decisão que surge na sequência das notícias que davam conta que o pai, a mãe e o irmão do atual chairman da TAP receberam, entre 2009 e 2011, seis transferências de uma conta na Suíça, detida pela Espírito Santo Enterprises. Esta é a offshore, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, que o Ministério Público acredita que o Grupo Espírito Santo usava para pagamentos não registados. Miguel Frasquilho confirma as transferências e diz que os montantes transferidos correspondiam a rendimentos seus, que foram declarados ao fisco.

Entretanto, a notícia publicada há sete dias pelo DN de que Miguel Frasquilho seria o diretor convidado deixou de estar disponível online. Pelo menos durante a tarde de quarta-feira. “O jornal de aniversário é uma vez mais virado para o ano que entra, com destaque para eventos como as diretas no PSD ou o Mundial de Futebol”, dizia a referida notícia, ainda acessível pelo motor de busca relativa a 20 de dezembro. Mas que, segundo tentou o ECO, não se encontrava, no momento, disponível.

Durante a tarde, e depois de ser conhecida esta decisão, Paulo Baldaia escreveu uma nota de direção à redação e aos leitores do DN: “a edição especial está sempre muito centrada na previsão do que vai ser o próximo ano. Publica o outlook do Economist, artigos de opinião de grandes personalidades internacionais, mais a opinião dos comentadores habituais do jornal e, ainda, o trabalho de jornalistas do DN sobre o que importa acompanhar no ano seguinte, em Portugal e no mundo. Por ser esta a matriz dos aniversários do DN, entendemos, nós e Miguel Frasquilho, que não fazia sentido manter esta parceria, para não tornar secundário o que é essencial“, escreveu o diretor do DN.

O chairman da TAP chegou a reunir com os editores do DN para pensar nos grandes temas que importava tratar, como sejam a relevância da China e da Coreia do Norte nas relações dos Estados Unidos com a Ásia, o papel de Centeno no Eurogrupo, a prestação de Portugal no Mundial de Futebol ou o Festival da Eurovisão em Portugal, entre muitos outros. “A partir do momento em que o diretor convidado passou a ser notícia por uma situação particular, entendemos ambos que não fazia sentido secundarizar o aniversário do DN e o outlook para 2018”, explica. Terminando com um agradecimento: “a Miguel Frasquilho, que aceitou da mesma forma o convite como aceitou a desvinculação, o Diário de Notícias agradece”.

Segundo a edição do semanário Expresso deste sábado, os três familiares de Miguel Frasquilho receberam, em conjunto, 54,5 mil euros da Espírito Santo Enterprises. O antigo deputado esclarece ao mesmo jornal que as transferências foram feitas para os seus familiares a seu pedido.

“A circunstância de esses pagamentos terem sido efetuados em contas de familiares meus deve-se apenas ao facto de eu ter pedido isso mesmo à minha entidade patronal, uma vez que tinha dívidas para saldar com os meus familiares diretos referidos”, disse. “Quanto à questão da proveniência dos valores, desconheço em absoluto“, acrescentou.

A questão levanta-se porque a Espírito Santo Enterprises ficou conhecida no ano passado quando foi revelado que esta era a empresa usada pelo GES para canalizar, ao longo de vários anos, milhões de euros em pagamentos não declarados.

Na altura em que os pagamentos foram feitos aos familiares de Miguel Frasquilho, o atual chairman da TAP acumulava o cargo de deputado com o de diretor da Espírito Santo Research, uma corretora do BES.

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