Como proteger o seu dinheiro do turbilhão das bolsas

Analistas dizem que mau tempo nas bolsas vai continuar nos próximos tempos. Saiba como pode proteger o seu dinheiro da volatilidade dos mercados.

Quer fugir ao furacão nas bolsas?Composicao/Lidia Leao

Os nervos dos investidores têm sido postos à prova nos últimos dias. A culpa está no sell-off e na elevada volatilidade que tem atingido os principais mercados acionistas mundiais. Embora os analistas acreditem que a tempestade nas bolsas vá continuar nos próximos tempos, há formas de se proteger do medo dos altos e baixos mais pronunciados que têm provocado uma semana vertiginosa em todo o lado.

“Este impressionante incremento de volatilidade não deverá originar uma situação de acalmia imediata nos mercados acionistas, pelo que acreditamos que a turbulência nos mercados poderá perdurar – algo que é característico de uma fase correção, como aquela que atravessamos atualmente”, diz ao ECO a equipa de research do BiG.

Gualter Pacheco, trader do Banco Carregosa, partilha a mesma ideia: “As fortes subidas dos últimos meses criaram algumas bolhas no mercado acionista que, conjugadas com o receio de inflação, provocaram estas fortes quedas”. “Não ficava admirado se a atual turbulência continuasse”, acrescenta.

Ou seja, más notícias: mau tempo não vai parar nas bolsas. Como se proteger?

Cuidado com as ações nervosas

Não é que as ações manifestem propriamente emoções, mas há títulos mais nervosos e mais sensíveis ao sentimento do mercado do que outros. Como medir? O beta é um dos indicadores mais usados pelos investidores para avaliar o risco de cada empresa ou banco. Define-se pelo seguinte:

  • Beta com o valor de 1 indica que o preço da ação movimenta-se com o mercado. Um beta com um valor inferior a 1 indica que o preço da ação é menos volátil do que o mercado. Já um um beta superior a 1 indica que o preço da ação é mais volátil que o mercado.

Merck tem nervos de aço

Fonte: Reuters

Geralmente, setores mais defensivos como o farmacêutico ou das utilities apresentam betas mais baixos. O que se percebe: mesmo que a economia vá ao fundo, as pessoas vão continuar a precisar de medicamentos e de energia. Por isso, dentro do mercado acionistas, apostar em títulos como da Merck (farmacêutica) ou EDP Renováveis (energias limpas) pode ser uma boa estratégia em tempos de maior volatilidade.

Em sentido contrário, setores mais expostos ao risco como a banca apresentam títulos que se devem evitar. Especialmente na periferia da Zona Euro, onde o setor bancário é mais sensível: o espanhol Bankia tem um beta de superior a 2. Ainda se lembra da definição do beta? Pois…

Bankia é mais sensível à volatilidade

Fonte: Reuters

Dividendos? Campeões somos nós

Há quem procure o valor das ações nos dividendos que estão aí em vista. E, neste parâmetro, a bolsa portuguesa pode ser um bom refúgio. De acordo com um estudo da Allianz Global Investors, o PSI-20 tem os dividendos mais atrativos da Europa.

Portugal é campeão europeu nos dividendos

Fonte: Allianz Global Investors

Em média, é expectável que o rendimento dos dividendos portugueses atinja os 4,47% face ao valor das ações das cotadas nacionais. É o maior dividend yield em toda a Europa, segundo as estimativas dos analistas daquela casa de investimento. Portugal surge à frente de países como a Espanha (4,47%) e Finlândia (4,02%). Já o Reino Unido, “tradicionalmente o mercado mais importante para os caçadores de dividendos em termos de volume”, surge no quarto lugar do ranking com uma taxa de dividendo de 3,98%.

Em Lisboa, há empresas mais generosas do que outras na bolsa de Lisboa. Tal como o ECO avançou, as ações dos CTT eram das mais atrativas, com um dividend yield superior a 13%.

Ouro continua a ser um porto-seguro

“Tradicionalmente, os investidores refugiam-se em ativos com menos risco e menos volatilidade: obrigações, liquidez e determinados metais preciosos”, diz Gualter Pacheco, senior trader do Banco Carregosa. José Bebiano Correia, gestor da corretora XTB, concorda: “Quando acontecem fortes variações nos mercados é possível encontrar ativos de refúgio tal como o ouro, iene ou bunds alemãs que aumentam de valor em períodos de grande instabilidade”.

Sim, os metais preciosos podem ser um porto de abrigo para períodos como este. Vejamos o ouro.

Ouro brilha como refúgio

Desde o mínimo atingido a 11 dezembro, o metal amarelo avança 6%. Na moeda, o iene regista uma valorização de 11% contra do dólar desde o início do ano.

Quero investir sem risco

Se foge do risco como o “diabo da cruz”, estar exposto ao mercado acionista não é opção em períodos de turbulência nos mercados. Há um conjunto de produtos financeiros de baixo risco que, para além de não o exporem a perdas, podem ajudá-lo a rentabilizar o capital investido.

Neste âmbito, os produtos de poupança do Estado podem ser uma boa opção. Especificamente os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC). A garantia do capital investido neste produto está dependente da capacidade financeira do país, mas é o que oferece a remuneração mais atrativa entre as aplicações mais conservadoras. Oferece uma taxa média de 1,35%, em termos brutos, ao fim dos sete anos de horizonte temporal máximo de investimento. As taxas começam nos 0,75%, em termos brutos, no primeiro ano e vão crescendo até atingirem os 2,25% no sétimo ano de aplicação.

Alternativamente pode colocar o dinheiro em Certificados de Aforro, mas não conte com uma remuneração muito atrativa, muito menos ainda se depositar o dinheiro a prazo no banco. A taxa de juro das novas aplicações realizadas e fevereiro em Certificados de Aforro é de 0,672%. Já a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo situou-se em dezembro num novo mínimo histórico de 0,19%.

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