Montepio avaliado em 1.600 milhões de euros, diz estudo da Santa Casa
Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, admite que o Montepio vale menos do que o que diz a Mutualista. Vai ficar com 1%, mas nomeia dois administradores.
Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), admite que o Montepio vale menos do que o que diz a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). O estudo encomendado ao Haitong aponta para um valor de 1.600 a 1.700 milhões de euros. A SCML vai comprar 1%, mas nomeia dois administradores não executivos para o banco liderado por Carlos Tavares.
“O estudo [encomendado ao Haitong] diz que o Montepio tem um valor um pouco abaixo do que diz a AMMG“, liderada por Tomás Correia, refere Edmundo Martinho, em entrevista à SIC Notícias. “O estudo aponta para um valor entre 1.600 e 1.700 milhões de euros”, revelou o responsável máximo pela SCML, revelando um valor que até agora era desconhecido. A AMMG avalia o banco em pouco mais de 1.800 milhões.
A SCML vai investir entre “18 a 20 milhões de euros” no Montepio, reiterou o provedor. Este valor será pago por 1% do Montepio, o que avalia a instituição acima daquela que foi a avaliação feita pelo banco de investimento que a SCML contratou. A par da SCML deverão entrar outras misericórdias, bem como IPSS, que, contudo, apontam para investimentos simbólicos, apenas para passarem a mensagem de que querem um banco social.
“O estudo era uma das condições para a SCML entrar” no capital do banco. E o “estudo recomenda prudência no investimento“, diz Edmundo Martinho. Essa prudência traduz-se na “forma como entramos, nos montantes que se investem”, diz. Mas “não fez recuar” a SCML, acrescenta, salientando que a “SCML sempre disse que não ia além dos 10%”, sendo que os 200 milhões aventados nunca estiveram em cima da mesa.
"O estudo [encomendado ao Haitong] diz que o Montepio tem um valor um pouco abaixo do que diz a AMMG. Aponta para um valor entre 1.600 e 1.700 milhões de euros.”
“Prudência é assumir 1%” do Montepio, remata, salientando que “este tipo de intervenção no banco não é uma originalidade”. Edmundo Martinho revela que a SCML já “investiu mais de 20 milhões noutros bancos”. “E quando foi a privatização dos CTT, a SCML investiu 40 milhões”, conta. Com este 1%, a SCML vai ter dois administradores não executivos no banco.
“A SCML tem de assegurar que [este investimento] não compromete o papel da SCML”, salientou, isto depois de as críticas feitas pelo presidente do PSD, Rui Rio, que acusou a instituição de utilizar dinheiro dos pobres para limpar as perdas da banca. “Não compromete. Estamos a viver um momento de investimento sem paralelo. A capacidade de investimento não será afetada com este negócio”, remata.
“O Montepio não precisa [de aumentar o capital]. Os rácios do Montepio comparam todos com os outros bancos. Banco não está numa situação de fragilidade”, diz, acrescentando que não é um investimento da dimensão que a SCML vai realizar que “salva um banco”. E também “não é com este valor que que a SCML vai meter-se no negócio da banca”.
Edmundo Martinho, que admite que este “é um negócio mal visto pela sociedade”, defende-o no sentido de criar um banco social, mas também o vê como um investimento, ainda que não tenha o objetivo de lucro rápido.
“O entendimento da SCML é que [a compra de uma posição no Montepio] é um investimento. A SCML não está disponível para entrar e vender amanhã com mais-valias”, diz. Mas há a “perspetiva de que estamos numa circunstância em que a SCML quer garantir a rentabilização dos ativos, investindo 3%” dos ativos totais.
(Notícia atualizada às 19h59 com mais informação)
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