Bolsas ao fundo com guerra comercial à vista. Lisboa resiste à pressão

Duas bombas derrubaram as bolsas europeias esta quinta-feira. Casa Branca anunciou tarifas alfandegárias à União Europeia, que já prometeu retaliação. Em Espanha, Rajoy está prestes a cair.

O dia nas bolsas estava a ser tranquilo até que duas bombas surgiram ao início da tarde. Em Espanha, o Governo de Mariano Rajoy deverá cair esta sexta-feira depois do anúncio do nacionalistas bascos, que já disseram que vão votar a favor da moção de censura. Logo a seguir, a Casa Branca anunciava tarifas sobre as importações de aço e alumínio da União Europeia, perspetivando-se uma guerra comercial.

Por cá, o PSI-20 chegou a avançar mais de 1%. Mas com a inversão do sentimento lá fora, fechou com uma valorização tímida de 0,17% para 5.452,65 pontos, num dia de liquidez abaixo do habitual por causa do feriado do Corpo de Deus.

Exemplo desta variação de humor em Lisboa: as ações do BCP estiveram a disparar mais de 5% durante a manhã, mas chegaram ao final da sessão em evidente esforço. Feitas as conta, o dia terminou com um ganho de apenas 1,87% com cada ação do banco a cotar-se nos 0,2512 euros.

Lisboa resistiu, mas o mesmo não aconteceu com os principais índices europeus. O IBEX-35 tombou 1,52% para 9.423,9 pontos, depois de saber que o prazo de validade do Governo de Rajoy expira amanhã. Isto depois de o Partido Nacionalista Basco ter informado o Executivo que tenciona votar a favor da moção de censura apresentada pelo PSOE se Rajoy não se demitir antes.

Lisboa resiste à pressão europeia

As más notícias para os investidores não ficariam por aqui. Os EUA anunciaram que vão avançar as tarifas alfandegárias sobre o aço e alumínio da União Europeia, medidas que entram em vigor já a partir da próxima meia-noite. Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, já disse que vai haver retaliação europeia, adensando os riscos de uma guerra comercial indesejada pelos mercados.

Em Frankfurt, as quedas ascenderam a 1,4% no índice DAX-30, sinónimo de pouco apetite pelo risco. O índice de referência europeu Stoxx 600 perdeu 0,51%. Do outro lado do Atlântico, Wall Street absorve as notícias com quedas menos pronunciadas. O S&P 500 cede pouco mais do que 0,1%.

“O mercado está preocupado com a retaliação. Os investidores estão a olhar para aquilo que será a resposta da União Europeia”, disse Zhiwei Ren, da Penn Mutual Asset Management, citado pela Reuters. “Mas estas tarifas são uma nova tática de negociação dos EUA. Os norte-americanos querem usar as tarifas como ferramenta para novas negociações”, disse.

Em causa estão tarifas de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre as importações de alumínio não só da União Europeia, mas também do Canadá e do México, revelou o secretário de Estado do Comércio norte-americano, Wilbur Ross, esta quinta-feira.

A reação do lado europeu não demorou. “Isto é um mau dia para o comércio mundial”, declarou Juncker num discurso em Bruxelas. “Vamos introduzir imediatamente uma ação legal junto da Organização Mundial do Comércio e iremos anunciar medidas de resposta nas próximas horas”, disse o presidente da Comissão.

“É totalmente inaceitável que um país esteja a impor medidas de forma unilateral no que diz respeito ao comércio mundial”, notou ainda Juncker.

(Notícia atualizada às 17h02)

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