“É preciso acabar com a deriva estratégica que tem assombrado Montepio”

Está lançada a lista de oposição a Tomás Correia? Ribeiro Mendes voltou a defender mudanças na Associação Mutualista. "É preciso acabar com a deriva estratégica que tem assombrado o Montepio", disse.

Fernando Ribeiro Mendes, administrador Associação Mutualista Montepio Geral.Paula Nunes/ECO

Está lançada a lista de oposição a Tomás Correia na Associação Mutualista Montepio Geral? A julgar pela intervenção de Fernando Ribeiro Mendes nas Jornadas de Reflexão Mutualista, parece que sim. Administrador dissidente na atual gestão da mutualista — e da qual faz parte –, Ribeiro Mendes voltou a defender mudanças profundas na instituição. “É preciso acabar com a deriva estratégica que nos tem assombrado de grandiosos sonhos que hoje sabemos que foram irrealistas”, frisou o responsável.

Foi na primeira sessão das Jornadas de Reflexão Mutualista – Juntos pelo Montepio, que teve lugar esta quinta-feira, em Lisboa, que se realizou um primeiro ensaio público para a formação de uma lista única alternativa ao atual presidente da Associação Mutualista nas eleições de dezembro. Ribeiro Mendes foi um dos oradores do debate. E não se coibiu de manifestar profundas divergências que tem com Tomás Correia, apesar destas divergências já lhe terem valido castigos no passado.

“O que temos vindo a experimentar recentemente indica que é preciso mudar de rumo, é preciso acabar com a deriva estratégica que nos tem assombrado de grandiosos sonhos que hoje sabemos que foram irrealistas e que levam as poupanças dos associados sem uma monetização consistente e sem que haja uma consciência disso”, declarou Ribeiro Mendes na sua intervenção inicial.

“No Montepio temos vivido uma crise que tem contornos próprios. As dificuldades vêm de termos sonhado que o Montepio podia transformar-se num grande grupo financeiro através de fusões e aquisições. Mas entrámos nisso já tarde. E quando o sistema financeiro nacional desabou também sofremos com isso”, explicou o administrador.

O que temos vindo a experimentar recentemente indica que é preciso mudar de rumo, é preciso acabar com a deriva estratégica que nos tem assombrado de grandiosos sonhos que hoje sabemos que foram irrealistas.

Fernando Ribeiro Mendes

Administrador da Associação Mutualista Montepio Geral

Ribeiro Mendes recusou o rótulo de dissidente dentro do conselho de administração liderado por Tomás Correia. “Sou uma pessoa como as outras, que pensa pela sua cabeça. Houve um momento em que tinha de expressar a minha opinião, não por estar contra, mas por achar que tinha alguma coisa a dizer de uma forma positiva”, disse a propósito de um artigo de opinião e onde defendeu um “virar de página inadiável” na gestão do Montepio. Por causa desse artigo, o administrador viu Tomás Correia retirar-lhe os pelouros. Mas voltou a recuperá-los, poucos dias depois.

Mais tarde, questionado sobre a falta de informação acerca das remunerações dos administradores da mutualista, Ribeiro Mendes revelou que aufere uma remuneração mensal bruta de 24 mil euros, uma informação que indignou alguns dos presentes. O responsável argumentou que esse nível de remuneração vem do tempo em que Associação Mutualista e Caixa Económica estavam juntas. E defendeu que é preciso rever a tabela salarial dentro da associação para torná-la mais adequada ao mutualismo.

Da direita para a esquerda: Eugénio Rosa, Alexandre Abrantes, Campos e Cunha, Lúcia Gomes e Fernando Ribeiro Mendes.Paula Nunes/ECO

No Auditório do Montepio Geral, em Lisboa, estiveram cerca de 50 pessoas a assistir ao debate que teve moderação do ex-ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, e que contou ainda com os contributos do vice-presidente da Cruz Vermelha, Alexandre Abrantes, o economista Eugénio Rosa e ainda da advogada Lúcia Gomes.

Entre as várias interpelações dos que estavam a assistir, houve quem se achasse enganado por considerar que uma jornada de reflexão sobre o mutualismo era, afinal, uma campanha eleitoral para as próximas eleições. Também houve quem manifestasse esperança de que a iniciativa fosse um embrião que desse origem a uma lista alternativa a Tomás Correia. Será?

“Há muito caminho para andar. Se hoje demos um pontapé de saída em relação a algo para as eleições de dezembro, fico satisfeito por ter dado o meu contributo”, considerou Ribeiro Mendes.

Campos e Cunha declarou publicamente que não fará parte de qualquer lista.

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