Carne de laboratório, a nova proteína que alguns restaurantes vão incluir nos pratos até ao final deste ano

  • ECO
  • 31 Agosto 2018

Até ao final do ano, alguns restaurantes vão incluir carne celular, ou carne de laboratório, nos seus menus. O objetivo é criar um produto alternativo "à produção industrializada de carne".

Ainda este ano, os restaurantes vão incluir no menu um novo tipo de carne. Os criadores dizem que se trata de “real meat”, mas é desenvolvida em laboratório. O investigador é português, Vítor Espírito Santo, e trabalha na empresa americana, a Just, que prepara agora a sua entrada no mercado. A história é avançada esta manhã pelo jornal Público (acesso pago).

“A forma como produzimos carne hoje não é sustentável”, refere o engenheiro biomédico. A Just pretende, por isso, oferecer uma alimentação saudável e sustentável. Está a desenvolver carne em laboratório, mas sem querer acabar com o consumo convencional da proteína animal, nem tão pouco ocupar o lugar dos pequenos produtores.

Até ano final do ano, a startup americana vai entrar no mercado, ainda que cuidadosa e discreta. Primeiro em restaurantes com estrela Michelin, “uma comercialização mais controlada” pensada para “testar reações” dos consumidores. Em 2020, a carne de laboratório poderá já estar presente em algumas lojas.

O maior obstáculo à comercialização da carne criada em laboratório tem sido financeiro. Por isso, para encolher contas, a Just optou por substituir os componentes de origem animais do meio de cultura por proteínas e extratos de origem vegetal. Recorde-se que o primeiro hambúrguer proveta do mundo, criado por uma equipa de cientistas holandeses, com células estaminais de vaca, tinha um custo insustentável. Apresentados em 2013, os 140 gramas produzidos custaram perto de 250 mil euros.

“Carne artificial”, “carne de laboratório”, “carne celular”… Qual a melhor terminologia?

A expressão “carne artificial” não é a mais adequada, de acordo com a perspetiva de Vítor Espírito Santo, pois o tipo de carne que desenvolvem não é uma reprodução ou falsificação da proteína animal. Trata-se de “real meat”, diz. Em português, a melhor terminologia será precisamente “carne de laboratório” ou “carne celular”.

No fundo, é uma proteína animal, mas está livre de animais. Pode ser confuso, mas o português de 33 anos explica que a startup trabalha com uma plataforma automatizada e uma base de dados com milhares de proteínas extraídas de plantas e sementes, que começaram a ser estudadas há sete anos, quando a Just abriu as portas.

O produto obtido é, para já, “uma pasta celular que se assemelha muito a carne picada” e que pode ser usada para “fazer uma salsicha, um chouriço ou um nugget”. Neste momento será frango, mas no futuro outras carnes serão desenvolvidas. “Uma das coisas que mais me surpreenderam foi o cheiro. Era mesmo de frango”, afirma Vítor Espírito Santo.

O objetivo da Just é criar um produto que funcione como “alternativa à produção industrializada de carne” e o português não tem dúvidas que o futuro da alimentação estará necessariamente de mãos dadas com empresas tecnológicas, carne livre de animais e cozinhas em laboratórios.

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