Jerónimo de Sousa: “PCP está em condições de assumir qualquer responsabilidade, mesmo governativa”

O líder comunista admitiu que está disponível para vir a integrar um fututo Governo, mas não revela se a geringonça será repetível. Jerónimo de Sousa quer aumento do número de escalões do IRS.

Jerónimo de Sousa admitiu, em entrevista esta terça-feira, à RTP3, que “o PCP está em condições de assumir qualquer responsabilidade, mesmo governativa”. O líder comunista teve algumas reticências em admitir que a atual solução governativa valeu a pena e recusou responder se a geringonça poderá ter repetição. Na rentrée política, o responsável reiterou que o Partido Comunista se vai bater por um aumento dos escalões de IRS, mas recusou sujeitar a aprovação do Orçamento do Estado para 2019 à resolução do problema dos professores.

“O PS no passado, até com maioria, não teve uma política de esquerda”, frisou Jerónimo de Sousa, sublinhando que “o atual quadro da situação política mostra a importância de dar mais poder ao PCP“. “A vida mostrou que apesar dos avanços temos problemas para resolver”, acrescentou recusando responder se vai replicar a geringonça, apesar das insistências. Recorde-se que no domingo, a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins também admitiu integrar um futuro Governo: “Aqui estamos para todas as responsabilidades”.

O líder do PCP acabou por admitir que o acordo entre os partidos de esquerda “valeu” a pena, mas apenas pelos “avanços que se conseguiram depois de quatro anos de cortes e degradação das condições de vida” dos portugueses. No entanto, o responsável frisa que “o PS, ao longo de décadas, se caracteriza por políticas de direita” e dá como exemplo de divergências com o Executivo de António Costa a posição assumida relativamente ao Banif e as alterações ao Código de Trabalho “em convergência com o PSD e o CDS”.

Quanto às negociações do Orçamento do Estado para 2019, Jerónimo de Sousa avança que o partido defende um aumento dos escalões de IRS para “aliviar as famílias em termos de IRS”. E se isso representa uma perda de receita para os cofres do Estado, o líder comunista sugere que o “Governo pode ir buscar dinheiro onde ele existe”.

E tal como o Bloco de Esquerda, também o PCP defende a descida do IVA na eletricidade, mas também nas botijas de gás. Aliás, confrontado com a similitude de propostas de ambos os partidos, Jerónimo de Sousa desvalorizou e lembrou que “no aumento extraordinário das pensões, durante muito tempo, o PCP estive sozinho”.

O PCP recusa avançar com um número para os aumentos salariais da Função Pública, apesar de a verba necessária para esse aumento ter de estar inscrita no próximo Orçamento. “O PCP não é uma organização sindical. Na discussão do Orçamento não se discutem aumentos salariais”, garante. “É um equívoco”. “Não assumimos um papel que cabe aos sindicatos”, acrescenta. No entanto, Jerónimo admite a necessidade da “valorização salarial” já que “os trabalhadores da Administração Pública há muito que não recebem um aumento”. “O PCP defende uma valorização dos salários tanto para o público como para o privado, porque 700 mil trabalhadores portugueses recebem menos de 600 euros“. E é neste quadro que se insere a proposta do PCP de aumentar o salário mínimo para 650 euros.

Jerónimo recusa a “dicotomia” proposta por António Costa de preferir aumentar o número de funcionários públicos em vez de os aumentar e garante que a polémica dos professores não vai determinar o seu sentido de voto no Orçamento do Estado para 2019. “O problema dos professores nem deveria existir porque o OE2018 consagra aquilo que é a reivindicação dos professores”, explicou o líder comunista. Admitindo que “são muitas as organizações que se dirigem ao PCP”, frisa que a questão dos professores “não condiciona a posição do PCP no OE”. Ainda assim, defende que “não se pode fazer um apagão de um terço da vida profissional dos professores”. Em causa está o reconhecimento de nove anos, quatro meses e nove dias.

Para terminar quando questionado sobre o mandato da procuradora Joana Marques Vidal, Jerónimo de Sousa admitiu que houve “avanços significativos”.

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