União Europeia perde quase 150 mil milhões de euros de receitas de IVA. Portugal perde 1,8 mil milhões
Em 2016, os chamados “desvios do IVA” registaram, em termos nominais, uma redução de 10,5 mil milhões de euros face a 2015, mas continuaram a ser bastante avultados.
Os Estados-membros da União Europeia perderam quase 150 mil milhões de euros de receitas de IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) em 2016, tendo Portugal perdido praticamente 1,8 mil milhões, estima a Comissão Europeia.
De acordo com um novo estudo publicado esta sexta-feira pelo executivo comunitário, em 2016 os chamados “desvios do IVA” — a diferença entre as receitas esperadas e o montante efetivamente cobrado — registaram, em termos nominais, uma redução de 10,5 mil milhões de euros face a 2015, mas continuaram a ser bastante avultados, representando 12,3% das receitas totais previstas de IVA no conjunto da União.
Segundo Bruxelas, “o desempenho individual dos Estados-membros ainda varia significativamente”, com os desvios do IVA a diminuírem em 22 Estados-membros, entre os quais Portugal, que voltou a reduzir, pelo terceiro ano consecutivo, as perdas de receitas de IVA, mas a aumentarem em seis, entre os quais Reino Unido e França.
Em Portugal, o desvio do IVA, no montante estimado de 1.784 milhões de euros, representou cerca de 10% do total de receitas previstas, precisamente em linha com a média da UE, o que representa um recuo face aos 13% de 2015, ano em que os cofres nacionais terão perdido mais de 2,2 mil milhões de euros.
“Os Estados-membros têm vindo a melhorar a cobrança do IVA em toda a UE. Há que reconhecê-lo e elogiá-lo. Mas uma perda de 150 mil milhões de euros por ano para os orçamentos nacionais continua a ser inaceitável, especialmente quando 50 mil milhões de euros vão para os bolsos dos criminosos, dos autores de fraudes e provavelmente mesmo dos terroristas”, comentou o comissário europeu dos Assuntos Económicos.
Segundo Pierre Moscovici, “uma melhoria substancial só será possível com a adoção da reforma do IVA” que Bruxelas propôs há um ano, razão pela qual exortou os Estados-membros “a avançarem com o regime definitivo do IVA antes das eleições para o Parlamento Europeu em 2019”.
Há praticamente um ano, a 4 de outubro de 2017, a Comissão Europeia apresentou os seus planos para “a maior reforma em 25 anos” das regras comunitárias em matéria de IVA, com a qual conta reduzir em 80% o valor das fraudes.
A ideia do executivo comunitário com a reforma do sistema de IVA — criado há um quarto de século, de forma temporária, em paralelo com o nascimento do mercado único — é taxar as vendas de bens a partir de um país da União Europeia para o outro nas mesmas condições se os bens fossem vendidos dentro de um só Estado-membro, “o que criará um novo e definitivo regime de IVA para a UE”.
Apontando já na altura que se perdem anualmente cerca de 150 mil milhões de euros de IVA, “o que significa que os Estados-membros se veem privados de receitas que poderiam utilizar em escolas, estradas e cuidados de saúde”, a “Comissão Juncker” sustenta que, “de acordo com estimativas, este montante poderia ser reduzido em 80% com a reforma” por si proposta.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
União Europeia perde quase 150 mil milhões de euros de receitas de IVA. Portugal perde 1,8 mil milhões
{{ noCommentsLabel }}