Investir na dívida da Mota-Engil? 10 perguntas e 10 respostas

Os investidores de retalho podem a partir desta segunda-feira adquirir títulos de dívida da construtora que procura 65 milhões de euros de financiamento, dispondo-se a pagar um juro de 4,5%.

A Mota-Engil arranca esta segunda-feira com uma emissão de obrigações com vista a captar financiamento para a sua atividade. O objetivo passa por angariar pelo menos 65 milhões de euros junto dos investidores de retalho. Para tal dispõe-se a pagar uma taxa de juro anual de 4,5%.

Em paralelo, a construtora liderada por Gonçalo Moura Martins leva a cabo também duas operações de troca de dívida que são de adesão voluntária para os investidores que têm aqueles títulos. A troca proposta tem como objetivo, segundo a Mota-Engil, “dar prosseguimento à sua estratégia de alongamento da sua dívida, de modo a alinhá-la melhor com a geração de cash-flow, bem como de redução do custo dessa mesma dívida, substituindo desde já parte da sua dívida com vencimento em 2019 e 2020 por dívida com vencimento em 2022“.

Para quem esteja a ponderar investir nessa nova emissão ou trocar os títulos de dívida da construtora que têm em mãos há um conjunto de elementos que devem ser tidos em conta. O ECO compilou em 10 perguntas e 10 respostas os aspetos mais importantes associados a qualquer das operações propostas.

1- Quando é possível subscrever?

Os investidores que pretendam participar na Oferta Pública de Subscrição (OPS) da Mota-Engil podem fazê-lo entre as 8h30 desta segunda-feira, 12 de novembro, e as 15 horas do dia 23 de novembro. Em paralelo, decorre uma operação de troca de dívida antiga por títulos desta nova emissão.

2- O que está a ser oferecido?

Em causa está uma emissão de obrigações para o retalho com maturidade em 28 de novembro de 2022, com uma oferta global inicial de 65 milhões de euros.

Simultaneamente, a construtora realiza duas ofertas de troca de obrigações visando substituir antigos títulos de dívida emitidos em 2014 e 2015 e que vencem em 2019 e 2020, respetivamente, por títulos da nova emissão. Os alvos desta troca são as Obrigações Mota-Engil 2019 e as Obrigações Mota-Engil 2020. Essas duas ofertas públicas de troca parciais são voluntárias para os investidores.

3- Quais as condições da oferta?

As novas obrigações para o retalho a emitir pela Mota-Engil têm maturidade em 28 de novembro de 2022 (quatro anos), sendo que cada título tem um valor unitário de 500 euros. Cada investidor terá de aplicar no mínimo 1.000 euros, ou seja, comprar no mínimo duas obrigações. Em contrapartida, o investidor receberá um juro bruto de 4,5% que será liquidado a cada semestre, no dia 28 de maio e 28 de novembro de cada ano.

4- Remuneração é atrativa?

As obrigações hoje disponibilizadas aos investidores têm associado o pagamento de uma taxa de juro bruta de 4,5% ao ano. As obrigações soberanas nacionais, para um prazo também de quatro anos, são negociadas no mercado secundário com uma yield de 0,387%. Ou seja, a remuneração oferecida pela Mota-Engil é bastante mais atrativa. Contudo, na remuneração poderá não estar toda a resposta.

“A decisão não estará provavelmente relacionada com os montantes, mas sim com o perfil de risco associado à empresa, assim como à liquidez que for esperada para a emissão“, explica Albino Oliveira, da Patris Corretora, salientando que estes são os fatores que devem ser tidos em conta pelo investidor que pondera participar nesta operação.

5- Quais os principais riscos?

Na evolução das taxas de juro reside precisamente um dos fatores que pode afetar a capacidade da Mota-Engil em responder às suas responsabilidades. “Se as taxas de juro aumentarem mais do que o esperado ou se a obtenção de novos financiamentos se tornar mais onerosa do que no passado, tal poderá afetar negativamente os negócios da Mota-Engil ou os resultados das suas atividades”, especifica a construtora no prospeto de oferta pública.

A atividade exercida em algumas regiões do globo, que enfrentam alguns problemas, como a América Latina ou África, é outro dos fatores de risco a que a empresa está exposta.

6- Quais as condições das propostas de troca?

No que respeita à proposta de troca de dívida, no caso da emissão mais antiga (Obrigações Mota-Engil 2019), que conta com uma taxa de juro de 5,5%, por cada título detido a contrapartida oferecida é de 20 obrigações da nova emissão (Obrigações Mota-Engil 2022), a que acresce um prémio em numerário no valor de 211 euros”, dá conta o prospeto da operação.

Quanto à Obrigação Mota-Engil 2020, com um juro de 3,9%, é oferecida uma contrapartida corresponde a uma obrigação Mota-Engil 2022 com o valor nominal unitário de 500 de euros e um prémio em numerário de 11 euros.

7- Vale a pena trocar dívida antiga pela nova?

Albino Oliveira enquadra que com as duas operações de troca, aquilo que a Mota-Engil está a propor aos seus detentores é “uma extensão da maturidade, com um correspondente aumento da taxa de juro“. O especialista da Patris Corretora volta a salientar que “dependerá a cada investidor a análise do perfil de risco associado ao emitente, e até que ponto o aumento na taxa de juro é suficiente para compensar o aumento da maturidade“.

De salientar que além da oferta de uma remuneração mais alta por essa extensão do prazo, a Mota-Engil também dispõe-se a pagar um prémio em dinheiro. Este prémio tem um valor unitário de 211 euros nas obrigações com maturidade em 2019 e de 11 euros nas que vencem em 2020.

8- Cancelar a subscrição. Até quando?

A partir de 20 de novembro, três dias antes do final da operação, as ordens dadas pelos interessados tornam-se irrevogáveis. Ou seja, nessa ocasião deixa de ser possível alterar ou retirar as ordens de subscrição dadas.

9- O que acontece se a procura superar a oferta?

Antes de mais está previsto no prospeto que a construtora possa aumentar o montante de obrigações a emitir nesta OPS caso o nível de procura o justifique. Se for essa a opção, o emitente terá que o fazer até ao dia 16 de novembro, inclusive. Para além disso, caso o volume de ordens seja superior ao montante máximo da operação, à semelhança do que acontece com outras operações do género, haverá lugar a rateio.

10- Quando é conhecido o resultado da operação?

Os investidores ficarão a saber quantas obrigações lhes couberam a 26 de novembro, dia em que são apurados os resultados da oferta. Os novos títulos de dívida devem ser admitidos à negociação dois dias depois. Ou seja, a 28 de novembro.

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