May pede apoio a conservadores para levar acordo a bom porto. Diz ter interesse nacional na mira
Depois de ter conseguido um acordo técnico com Bruxelas sobre o Brexit, Theresa May veio explicar que os termos negociados cumprem as prioridades do povo britânico. Diz que não se demitirá.
Acima de tudo, o interesse nacional. Foi esta a principal promessa deixada pela primeira-ministra britânica, no seu primeiro discurso após ter chegado a acordo técnico com Bruxelas sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. Theresa May frisou, esta quinta-feira, que os termos negociados concretizam as prioridades do povo britânico e aproveitou para apelar ao apoio do partido conservador. Isto numa altura em que as tensões no seio da bancada Tory têm subido e até já circulam cartas a pedir uma moção de censura contra a líder do Governo.
Depois de uma reunião de emergência que durou largas horas, o Executivo britânico chegou, na quarta-feira, a acordo técnico com o bloco comunitário sobre o divórcio mais polémico dos últimos dois anos. Em declarações aos jornalistas, Theresa May salientou, esta tarde, que este foi um processo complexo de negociações (durou 17 meses) e fez questão de sublinhar que “liderar é tomar as decisões certas, não as mais fáceis”.
Além disso, a primeira-ministra garantiu que está empenhada em levar este acordo até ao fim, mantendo-se no cargo, apesar das críticas e confrontos políticos.
Sobre as baixas sofridas no seu Executivo (já foram quatro os governantes que se demitiram, entre eles o ministro do Brexit), May disse “lamentar” a escolha desses políticos, mas reforçou que acredita estar a fazer o caminho mais correto para o país. Acima de tudo, a conservadora afirma querer defender o interesse nacional.
“Farei o meu trabalho de modo a trazer o melhor acordo para o povo britânico, aquele que assegura o interesse nacional”, notou. Por isso, Theresa May apelou ao apoio do seu partido para levar o acordo a bom porto, uma vez que, caso tal não aconteça, seguir-se-á um período de “muita incerteza”. “As pessoas só querem seguir em frente”, enfatizou.
O acordo técnico sobre o Brexit conseguido por Theresa May e por Bruxelas terá agora de passar pela Câmara dos Comuns, em sessão plenária. Além disso, a versão final do acordo em causa terá ainda de ser ratificada, o que deverá acontecer na cimeira extraordinária marcada por Donald Tusk para 25 de novembro.
No termos já definidos para a saída, o Reino Unido e a União Europeia decidiram criar uma espécie de “território aduaneiro único” na fronteira entre as Irlandas, um dos pontos mais quentes destas conversações. O chamado backstop não tem sido, contudo, recebido com muitos elogios pelos britânicos. Em causa está um território no qual as mercadorias britânicas terão acesso sem taxas nem quotas ao mercado dos 27. Além desta matéria, o acordo define as expectativas para o acordo comercial, para os mercados financeiros e para os cidadãos.
Apesar de ter apertado mãos com Bruxelas, Theresa May tem perdido popularidade no seio do seu partido. Jacob Rees Mogg, uma das figuras mais proeminentes da campanha a favor do divórcio, já apelou a uma moção de censura contra a primeira-ministra, considerando que a líder desrespeitou as suas próprias linhas vermelhas, avança o The Guardian. São necessárias 48 cartas envidas pelos deputados Tory para a eventual realização dessa votação que decidiria o futuro do Executivo de May.
(Notícia atualizada às 18h30)
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