Risco de pobreza em Portugal cai pelo 3º ano. Foi de 17,3% em 2017

A população desempregada e inativa apresenta a maior taxa de risco de pobreza, que aumentou de 44,8% em 2016 para 45,7% em 2017.

A população em risco de pobreza em Portugal recuou pelo terceiro ano consecutivo, para 17,3% em 2017. Os habitantes da capital foram os menos afetados, enquanto nas ilhas se registou a incidência mais alta. Idosos, reformados e desempregados são os grupos onde o perigo aumentou.

A população desempregada e inativa apresenta a maior taxa de risco de pobreza, que aumentou de 44,8% em 2016 para 45,7% em 2017. Entre os idosos e reformados existe também mais risco. Os dados, do Instituto Nacional de Estatística, medem a proporção de habitantes com rendimentos monetários líquidos inferiores a 5.610 euros anuais (468 euros por mês).

Pelo inverso, as taxas de risco de pobreza para os menores de 18 anos e adultos em idade ativa diminuíram. Também nas famílias existe menos perigo de pobreza, tanto naquelas que têm crianças dependentes, onde caiu 1,16 pontos percentuais, como para aquelas sem crianças.

“Considerando apenas os rendimentos do trabalho, de capital e transferências privadas, 43,7% da população residente em Portugal estaria em risco de pobreza em 2017“, indica o INE. Isto porque as transferências sociais relacionadas com a doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social, fizeram reduzir o risco de pobreza, bem como os rendimentos provenientes de pensões de reforma e sobrevivência.

Diferenças regionais

É em Lisboa que se encontra menos população em risco (12,3%), tomando como referência a linha de pobreza nacional. Já pelo lado contrário, nos Açores a taxa chegou aos 31,5%, e na Madeira fixou-se nos 27,4%. Mas se tivermos em conta a linha de pobreza regional, as taxas nas Regiões Autónomas rondam os 21%. Foi a primeira vez que o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento divulgou resultados regionais.

Taxa de risco de pobreza em Portugal, em 2017INE

Em termos de distribuição dos rendimentos monetários, apenas o rendimento mediano na Área Metropolitana de Lisboa é superior à média nacional. Já o rendimento mediano nos Açores corresponde a 80% do valor nacional, aponta o INE.

Mais de 40% dos portugueses vivem em agregados sem capacidade para pagar uma semana de férias por ano fora de casa em 2018. Este valor decresceu em relação ao ano anterior, apesar de se manter elevado. Também o número daqueles que não têm capacidade para assegurar o pagamento imediato, sem recorrer a empréstimo, de uma despesa inesperada próxima do valor mensal da linha de pobreza caiu, de 36,9% para 34,7%.

Vieira da Silva considera dados “globalmente positivos”

O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social considerou que os dados sobre os níveis de pobreza em Portugal são “globalmente muito positivos”, destacando que cerca de 100 mil portugueses deixaram de estar abaixo da linha de pobreza. “Estes dados são globalmente muito positivos já que, apesar de ter evoluído em 3% o chamado limiar de pobreza, a percentagem de portugueses que está abaixo desse limiar caiu um ponto percentual, o que significa, mais ou menos, 100 mil portugueses”, disse o ministro Vieira da Silva.

O governante, que falava aos jornalistas à entrada de uma reunião da Concertação Social, reagia aos dados divulgados pelo INE. O valor dos níveis de pobreza é “o mais baixo da série”, afirmou o ministro do Trabalho, acrescentando que houve também uma redução “talvez ainda mais significativa dos indicadores da desigualdade”. Segundo disse, todos os indicadores da desigualdade “evoluíram positivamente”, com destaque para aquele que se refere à relação entre o rendimento dos 10% mais ricos face ao rendimento dos 10% dos mais pobres.

“Essa relação era de 10 para 1 e passou para 8,9, ou seja, houve uma aproximação significativa, ainda que mantendo uma distância grande”, sublinhou. “Obviamente que Portugal continua a ter problemas de pobreza, principalmente problemas de desigualdade”, mas os dados hoje divulgados “apontam no sentido de reforçar o nosso otimismo sobre a capacidade de coletivamente sermos um país mais coeso, mais igual, mais desenvolvido”, afirmou o ministro.

O indicador que melhor contribui para reduzir as desigualdades e os níveis de pobreza “é a criação de emprego”, explicou Vieira da Silva. Já do lado da proteção social, o governante lembrou que há medidas em curso para reforçar a melhoria, como é o caso do reforço do abono de família para as crianças mais jovens (até aos 6 anos), uma vez que as famílias com mais crianças continuam a ser as que têm mais risco de ficarem abaixo do limiar da pobreza.

(Notícia atualizada às 16h26 com declarações de Vieira da Silva)

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