Crédito da casa dispara em outubro. Banco de Portugal diz que não foi nova concessão
O "bolo" total dos empréstimos para a compra de casa disparou ao ritmo mais elevado em quase oito anos, em outubro. A subida é de 757 milhões de euros, a maior desde o início de 2011.
O travão do Banco de Portugal (BdP) ao crédito está ou não a funcionar? Os últimos dados sobre o crédito à habitação colocam dúvidas. Após um abrandamento do ritmo de crescimento da nova concessão nos últimos meses, os dados de outubro dão “pistas” para uma eventual aceleração. O “bolo” total dos empréstimos para a compra de casa disparou ao ritmo mais elevado em quase oito anos. Contactado pelo ECO, o BdP diz que a resposta para esse salto não está na nova concessão de empréstimos para a compra de casa. Mas também não avançou uma razão específica que possa justificar a variação observada.
A subida recorde do crédito foi dada a conhecer na passada quarta-feira pelo Banco Central Europeu, dia em que a entidade liderada por Mário Draghi atualizou as estatísticas sobre a evolução do saldo de empréstimos às famílias. Os dados mostram que, em outubro, o stock do crédito à habitação cresceu 757 milhões de euros, para se fixar nos 94.551 milhões de euros.
Só por si, o facto de o saldo dos empréstimos ter crescido não é uma surpresa. Habitualmente, e grosso modo, é um sinal de que os novos créditos dados num certo mês superam os montantes das amortizações feitas nesse mesmo período.
Evolução do saldo do crédito à habitação
Fonte: BCE
Mas no mês de outubro, em concreto, o que surpreende é a dimensão da subida. Em setembro, agosto e julho, o stock de crédito à habitação tinha aumentado, mas bastante menos — nove, 17 e 28 milhões de euros, respetivamente — antecipando a tendência de crescimento que os dados da nova concessão relativos àquele mês divulgados mais tarde acabariam por confirmar. O aumento registado em outubro é de tal ordem que é necessário recuar até janeiro de 2011 para ver uma quantia superior: 890 milhões de euros.
Contudo, o BdP afasta o cenário de a subida do stock de crédito à habitação se dever a uma aceleração da nova concessão.
“A variação do stock não permite por si só avaliar a concessão de novo crédito porque podem existir certas operações (vendas, titularizações, aquisições de créditos…) ou outras variações dos saldos do crédito (variações de preço, cambiais, abatimentos ao ativo,…) que alteram o stock total mesmo sem ter havido efetivamente qualquer nova concessão de crédito”, começou por explicar o Banco de Portugal questionado pelo ECO.
"A evolução observada no stock de outubro face a setembro deve-se sobretudo a uma destas situações, observando-se um aumento que não tem por base a concessão efetiva de novos empréstimos.”
A entidade liderada por Carlos Costa diz assim que “a evolução observada no stock de outubro face a setembro deve-se, sobretudo, a uma destas situações“, afastando a possibilidade de tal resultar de novos financiamentos. É “um aumento que não tem por base a concessão efetiva de novos empréstimos“, especifica o BdP, não apontando contudo uma razão específica para justificar o incremento observado.
Apenas a 11 de dezembro, será possível o “tira-teimas”. É nessa data que o BdP divulga os dados sobre a concessão de novos empréstimos à economia e, em específico, para a compra de casa relativos ao mês de outubro.
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