101 pessoas detidas em Paris nos protestos dos coletes amarelos
Para este sábado estava marcado o primeiro protesto dos coletes amarelos em França. É o oitavo sábado seguido de protestos em França e acontece mesmo depois das medidas anunciadas por Macron.
A tensão, as chamas e o cheiro a queimado aumentaram, pelas 16:15 locais (15:15 em Lisboa), na margem sul do rio Sena, em Paris, onde se mantém o ‘braço-de-ferro’ entre manifestantes, com e sem “coletes amarelos”, e a polícia local. Um total de 101 pessoas foram detidas em Paris e 103 interrogadas pela polícia, na sequência da manifestação desta tarde dos “coletes amarelos”, segundo a autarquia local.
Os números oficiais indicam 50 mil pessoas em protesto em toda a França, naquele que é o oitavo sábado de contestação. O presidente francês, Emmanuel Mácron, garantiu sábado que a “justiça será feita” face à “extrema violência” contra a República.
Na rede social Twitter, o governante notou como “mais uma vez, uma extrema violência atacou a República – os seus guardiões, os seus representantes, os seus símbolos”, depois de manifestantes terem tentado forçar a entrada em vários ministérios, em Paris.
“Os que cometem estes atos esquecem o coração do nosso pacto cívico. Justiça será feita”, garantiu Macron, apelando a que todos voltem ao caminho de promoção do debate e do diálogo.
Os agentes dispersaram as centenas de manifestantes da zona junto ao museu de Orsay, mas os “coletes amarelos”, que têm exigido mudanças de políticas, deslocaram-se para a restante margem esquerda do rio Sena, como a Lusa tem acompanhado no local.
Ao longo da avenida Saint Germain, as chamas são visíveis, à medida que os manifestantes vão ateando fogo a caixotes do lixo e a veículos.
Apesar de estarem no local, os bombeiros não conseguem desempenhar as suas funções, porque os manifestantes enchem a artéria.
Conforme se testemunha no local, a maioria dos manifestantes é jovem, está encapuzada e há muito que se deixou de generalizar que todos pertencem ao mesmo movimento de contestação. É que uns nem fazem questão de usar o colete amarelo e parecem estar no local para incentivar e participar em escaramuças.
Apesar de o trânsito continuar a circular e as portas dos restaurantes e cafés permanecerem abertas, o ambiente vivido assemelha-se a uma “batalha campal”, com os arremessos de gás lacrimogéneo, granadas de fumo e ‘very lights’ (foguetes incendiários). Da parte da polícia, a resposta passou a ser dada por canhões de água.
Quem por ali passa, moradores ou turistas, tende a entrar, para se proteger, nos espaços comerciais, a quem foi pedido esse papel pelas autoridades parisienses.
O Governo francês acusou na sexta-feira o movimento dos “coletes amarelos” de estar a ser instrumentalizado por grupos de agitadores que pretendem derrubar o executivo.
“Para os que ainda estão mobilizados (o movimento dos “coletes amarelos”), tornou-se um instrumento nas mãos de agitadores que querem a insurreição e, no fundo, derrubar o Governo”, afirmou Benjamin Griveaux, porta-voz do executivo francês.
À saída de uma reunião de Conselho de Ministros, Griveaux reiterou a ideia de que o Governo está “pronto para discutir com pessoas sérias, que não instrumentalizam politicamente as dificuldades dos cidadãos”.
O porta-voz do Governo francês assegurou que o Presidente da República, Emmanuel Macron, bem como todo o executivo governamental, está empenhado em aplicar as reformas prometidas e em levar o projeto político “até ao fim”.
O movimento dos coletes amarelos em França marcou para este sábado a primeira manifestação de 2019. Em Portugal estavam igualmente agendados algumas concentrações, mas os relatos que existem sobre esta manhã indicam que a mobilização terá sido pouco expressiva.
O diário francês Le Monde contava esta manhã que em Paris os manifestantes se juntaram nos Campos Elísios, onde responsáveis por este movimento declararam a intenção de marcar contestações todos os sábados. Este é o oitavo sábado seguido de contestação, segundo a SIC Noticias. Pela manhã já havia imagens de algumas queimadas de objetos em alguns pontos de França, com as autoridades a tentar conter os manifestantes por forma a não perturbar o funcionamento de estruturas públicas, como por exemplo aeroportos.
Em Portugal, um dos manifestantes no Porto explicava, em declarações à SIC Notícias, que a guerra é “longa”, feita por “pequenas batalhas”.
Em França, o movimento dos coletes amarelos levou o Presidente Emmanuele Macron a anunciar um pacote de medidas, do qual constava o aumento do Salário Mínimo Nacional. Já em Portugal a manifestação de dia 21 de dezembro foi considerada pouco significativa.
(Notícia atualizada pela última vez às 10:29 de domingo com novo balanço dos protestos em França e a reação do Presidente francês)
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