Diesel não vai valer nada? É “um desejo” do ministro. ACAP lamenta declarações de Matos Fernandes

A ACAP "lamenta que Matos Fernandes não tenha ponderado o impacto das suas palavras na atividade das empresas do setor automóvel".

O ministro Matos Fernandes defende que “quem comprar um carro diesel muito provavelmente daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor na sua troca”. É uma afirmação forte do ministro do Ambiente e da Transição Energética que é desmentida pela Associação Comércio Automóvel de Portugal (ACAP). Hélder Pedro diz ao ECO que não há “qualquer correspondência com a realidade”, lamentando a falta de ponderação do governante pelo impacto que as suas palavras têm na “atividade das empresas do setor automóvel” em Portugal.

“Estas declarações [de que os automóveis a gasóleo vão perder valor nos próximos anos] podem resultar de um desejo do ministro, mas não têm qualquer correspondência com a realidade”, diz a ACAP, em reação à entrevista concedida pelo ministro João Pedro Matos Fernandes ao Jornal de Negócios (acesso condicionado).

“Portugal está integrado na União Europeia e não existe qualquer regulamentação que aponte no sentido das declarações do Sr. Ministro”, diz. “Não está prevista qualquer alteração de legislação, a nível europeu, que implique uma desvalorização dos veículos a diesel nos próximos anos”, sublinha.

"Estas declarações [de que os automóveis a gasóleo vão perder valor nos próximos anos] podem resultar de um desejo do ministro, mas não têm qualquer correspondência com a realidade.”

Hélder Pedro

Secretário-geral da ACAP

A ACAP prossegue, salientando o facto de “desde setembro de 2018 todos os veículos diesel passarem por um teste de homologação mais rigoroso no âmbito da Norma Euro 6d-TEMP, que terá uma nova fase em setembro deste ano. O que prova que, no âmbito da regulamentação comunitária, a aposta é na redução das emissões dos veículos diesel a lançar no mercado europeu nos próximos anos”.

Transição? Sim, mas vai demorar

Matos Fernandes aposta num futuro com automóveis menos poluentes, antecipando a transição para os elétricos. “A indústria automóvel está, fortemente, empenhada na redução de emissões dos veículos. A prova deste compromisso, é de que 40% dos novos modelos anunciados para 2021, já terão a opção da motorização elétrica“, diz a ACAP. “Todavia, esta transição irá ser feita de forma gradual”, refere.

“Portugal é o terceiro país da União Europeia com maior percentagem de vendas de veículos elétricos, no total do mercado, tendo havido um crescimento de 148%. Todavia, esta percentagem ainda é de 1,8% do total do mercado”, remata a ACAP em declarações escritas ao ECO.

É preciso ponderação, diz a ACAP

A ACAP desmente as declarações de Matos Fernandes. E lamenta que as tenha feito. “Lamentamos que o Sr. Ministro não tenha ponderado o impacto das suas palavras na atividade das empresas do setor automóvel”, refere a associação liderada por Hélder Pedro, salientando que ao proferir tal afirmação não tenha tido em conta que “a indústria automóvel é a principal indústria exportadora em Portugal e que o setor automóvel é o principal contribuinte líquido do Estado, ao ser responsável por mais de 25% do total das receitas fiscais”.

“Por outro lado, estando o parque automóvel de ligeiros de passageiros com uma idade média de 12,6 anos e existindo em circulação 700.000 veículos com mais de vinte anos, a ACAP lamenta que o Ministério do Ambiente tenha sucessivamente rejeitado a implementação de um programa de incentivo ao abate de veículos, para permitir renovar o nosso parque automóvel”, conclui.

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