Teodora Cardoso admite semelhanças entre CFP e troika. Mas só no raio-x aos problemas de Portugal
A OCDE considera que o CFP tem uma imagem colada à da troika e que isso pode limitar a aceitação das suas análises. Teodora reconhece semelhanças mas só nos diagnósticos: as medidas são "outra coisa".
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) fez o reparo e Teodora Cardoso deu a resposta: as avaliações do Conselho de Finanças Públicas (CFP) podem coincidir com as da troika, mas “uma coisa são as avaliações, outra são as medidas”.
A líder do CFP falava na conferência onde a OCDE apresentou os resultados da avaliação que fez ao trabalho do CFP.
Uma das questões referida pela OCDE no relatório divulgado esta segunda-feira relaciona-se com a imagem do CFP. A OCDE constata que “a criação do Conselho durante o período da troika significa que pode ser erradamente visto como defendendo uma austeridade imposta externamente. Por isso, o valor do CFP nem sempre é reconhecido por aqueles que se opõem à austeridade orçamental”, diz o relatório.
A presidente do CFP, que termina o mandato este mês, lamentou a falta de acesso a informação na área da Segurança Social, mas acrescentou que a informação sobre finanças públicas em Portugal precisa de ser melhorada.
“A informação é muito escassa, muito reduzida a grandes agregados e disponibilizada com atraso”, disse, acrescentando que, além disso, a informação “não está minimamente tratada”.
Os serviços do Estado “organizam a informação para as suas necessidades” e “se lhe formos pedir séries de alguns anos [para análises mais aprofundadas] ficam horrorizados”, explicou, acrescentando que o CFP não tem meios humanos para fazer esse levantamento de informação.
“Há aqui um problema que é um desafio para o país”, disse, explicando que “há coisas que não podendo quantificar, não deixamos de avaliar”. “É por isso que, se calhar, somos comparados com a troika”, conclui. Mas deixou o aviso: “Coincidimos sobretudo nas avaliações com a troika. Mas uma coisa são as avaliações da troika, outra são as medidas”.
Antes, Teodora Cardoso defendeu a necessidade de o CFP fazer cada vez mais avaliações aprofundadas e alertou que Portugal não pode ir pelo caminho das medidas horizontais.
“Não podemos continuar com medidas horizontais em que cortamos tudo quando estamos aflitos e depois aumentamos tudo quando não estamos”, disse.
Teodora Cardoso defendeu que Portugal deu um “passo importante” ao trabalhar para “um orçamento equilibrado, tendo em conta o grau de dívida pública muito alto e as grandes responsabilidades do Estado nas despesas sociais”.
Portugal “não se pode dar ao luxo de estimular a economia no curto prazo e que isso se resolve por si só. É preciso bastante mais do que isso” afirmou Teodora Cardoso, que defendeu “muito maior responsabilidade para os vários departamentos do Estado, ministros e recursos técnicos”.
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