Porco é símbolo de prosperidade na China. Será assim este ano para as bolsas asiáticas?
Ano novo lunar tem início esta terça-feira e é celebrado com um feriado nas bolsas asiáticas. É o ano do porco, símbolo de prosperidade. Mas o último ano do porco foi 2007, o preâmbulo da crise.
O ano novo lunar celebra-se esta terça-feira na China. É o ano do porco, um animal que é visto como não muito inteligente e até preguiçoso (gosta de comer e dormir, tornando-se gordo), mas também bem intencionado e com uma boa personalidade. É, por isso, abençoado com riqueza e prosperidade. Depois de o ano passado ter sido difícil para as bolsas asiáticas, riqueza é tudo o que investidores e analistas anseiam. No entanto, os desafios são grandes e as últimas experiências de anos do porco não são as mais auspiciosas.
“No Ano do Porco, a China deverá continuar a debater-se com menor crescimento económico, uma montanha de dívida e uma guerra comercial com os EUA. Mas, de acordo com a lenda chinesa, o porco é símbolo de prosperidade, o que é consistente com a nossa visão de longo prazo para o potencial económica da China”, afirmou Neil Dwane, estratego global da Allianz Global Investors, numa nota de research.
O ano novo lunar é das celebrações mais importantes da China e as principais bolsas no país estarão fechadas toda a semana. Antes de iniciar a pausa, a Bolsa de Xangai acumulava um ganho de 5% desde o início de janeiro. Este índice foi criado em 1991, o que significa que este será o terceiro ano do porco que vive, depois de 1995 e 2007.
No último ano do porco, a bolsa de Xangai quase duplicou de valor
Fonte: Reuters
Há várias lendas sobre o porco chinês. Uma das histórias que se conta é que o imperador chinês convidou os animais do zodíaco para uma festa em sua casa. O porco, que tinha comido demasiado, adormeceu e chegou atrasado. Tendo sido o último dos convidados a chegar, tornou-se o 12º animal do zodíaco no ciclo lunar.
Também a China engordou com dívidas, sendo que o elevado endividamento é um dos fatores apontados como razão para a desaceleração do crescimento económico. Apesar de caminhar para a posição de maior economia do mundo, a China acresceu “apenas” 6,6% em 2018, ou seja, ao ritmo mais lento dos últimos 28 anos. A guerra comercial — um dos principais problemas do país, em 2018 — também é uma preocupação, especialmente se levar a uma guerra fria tecnológica entre EUA e China.
“Elevados níveis de endividamento, crescimento mais lento e guerras comerciais são problemas de longo prazo que não podem ser resolvidos da noite para o dia, mas acreditamos que o governo da China tem as ferramentas certas para resolvê-los”, acredita o estratego global da Allianz GI.
O presidente Xi Jinping definiu uma estratégia para criar mais procura interna na China e aumentar a cadeia de valor na indústria. Estes são os pilares do programa “Made in China 2025″. Ao transferir as capacidades industriais para áreas tecnológicas, como aeroespacial e robótica, a China espera evitar a “armadilha dos rendimentos médios” que apanhou várias economias emergentes. A China é um agente relativamente novo nos mercados financeiros já que o país era, tradicionalmente, muito fechado ao capital estrangeiro, mas até nesse campo o Governo tem feito esforços para mudar.
“Sabemos que a China tem os seus desafios, mas acreditamos que a sua liderança está bem posicionada para lidar com eles, o que ajuda a tornar a China uma classe de ativos que deverá ser considerada para uma participação ativa”, acrescentou Neil Dwane. A gestora de ativos recomenda especialmente títulos de empresas da “nova economia” como consumo, tecnologia, ambiente ou saúde. Em contrapartida, desaconselha empresas muito dependentes das importações dos EUA.
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