Matos Fernandes responde à Elliott: “EDP vender o Brasil não nos parece uma ideia muito feliz”

O ministro do Ambiente reiterou que o Governo vê com muitos bons olhos os princípios da oferta pública de aquisição (OPA) da China Three Gorges (CTG) à elétrica liderada por António Mexia.

O Governo continua a ver com muitos bons olhos os princípios da oferta pública de aquisição (OPA) da China Three Gorges (CTG) à elétrica liderada por António Mexia. Numa entrevista à Reuters, depois de conhecidas as recomendações do fundo ativista Elliott, João Matos Fernandes defende que a proposta do fundo norte-americano para a EDP de venda do negócio no Brasil “não é muito feliz”.

“Sem me meter nunca a fazer comentários sobre aquilo que os acionistas [da EDP] fazem, a ideia [da Elliott] de vender o Brasil não nos parece uma ideia muito feliz“, afirmou o ministro do Ambiente e Transição Energética.

O fundo ativista Elliott, que está há poucos meses na estrutura acionista da elétrica, está contra a OPA da CTG e expressou a oposição em relação à operação, esta quinta-feira. Salientou que valor apresentado pelos chineses é baixo, propôs o chumbo da OPA e defendeu um novo rumo para a EDP que passa pela venda de ativos.

O fundo sugeriu a alienação de parte do negócio da distribuição de eletricidade na Península Ibérica e a EDP Brasil, ao mesmo tempo que reforça a aposta nas renováveis, nos EUA. Esta combinação permitiria, diz o Elliott, elevar a cotação para os 4,33 euros. A CTG só oferece 3,26 euros e as ações fecharam esta sexta-feira nos 3,25 euros. A administração de António Mexia agradeceu a sugestão e disse que iria analisar “cuidadosamente” as propostas.

“A EDP é livre de tomar as decisões que quiser tomar, mas vender o Brasil — sair do Brasil — não nos parece que seja importante para aquilo que a EDP representa para a economia nacional. E [a EDP] quererá certamente ser cada vez mais um player mundial no contexto das renováveis”, sublinhou o ministro, esta sexta-feira, à Reuters.

Governo reforça apoio à CTG

João Matos Fernandes realçou que “o Governo português já se pronunciou no sentido de ver com muitos bons olhos aquilo que são os princípios desta OPA que foi lançada relativamente à EDP”. Considera que “é uma OPA que robustece a EDP, concentrando-a em Portugal a sede de um conjunto de ativos que a EDP tem pelo mundo fora”.

Desde que foi lançada em maio, a OPA tem vindo a arrastar-se e esta foi a primeira vez que um acionista se pronunciou sobre a oferta, depois de as administrações da EDP ter considerado o preço como baixo. Até ao momento, a CTG ainda não registou a oferta em Bruxelas, condição necessário para a chegada da operação ao mercado.

A regulação é vista como um dos principais entraves. Os analistas já alertaram que Direção Geral da Competição europeia poderá chumbar a OPA se considerar que viola as regras europeias de concorrência relativas ao unbundling, ou seja, a obrigatoriedade de separar a produção e a distribuição de eletricidade do transporte.

A CTG, que já é o maior acionista da EDP (responsável pela produção e distribuição de eletricidade no país), é detida pelo Estado chinês. Da mesma forma, também a China State Grid, maior acionista da REN (responsável pelo transporte de eletricidade) tem capital do Estado chinês.

“Sobre o correr da OPA propriamente dita, nós não temos nada a dizer. É uma empresa privada e [a CTG] é o maior dos acionistas que está a conduzir esta OPA”, sublinhou Matos Fernandes. “A EDP é uma empresa fundamental para que se cumpram os objetivos de descarbonização do Governo, até porque o setor eletro-produtor é um setor chave para que Portugal seja neutro em carbono em 2050”, acrescentou.

(Notícia atualizada)

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