Novos passes chegam a 150 mil no Porto. Podem evoluir para transporte gratuito

  • Lusa e ECO
  • 21 Março 2019

O presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP) diz que a medida do passe único abre caminho à introdução do modelo de transporte gratuito. Na AMP, este passe vai beneficiar mais de 150 mil pessoas.

O presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP), Eduardo Vítor Rodrigues, manifestou-se convicto de que o passe único, medida que vai beneficiar mais de 150 mil pessoas na AMP, abre caminho à introdução de um modelo de transporte gratuito. Em entrevista à Lusa, o autarca sublinha que o trabalho desenvolvido desde a Cimeira de Sintra colocou a redução da tarifa como ponto de partida para um trabalho de mudança de comportamento que, garante, não se consegue com um simples “estalar de dedos”.

“A preocupação não era apenas a tarifa e não é apenas a tarifa. Estamos no ano de 2019, em que serão lançados os concursos para as novas concessões de transporte e, portanto, havia aqui a possibilidade de juntar uma melhoria da tarifa com uma melhoria da qualidade da frota. Era um trabalho, eu diria, multifacetado que, na altura, muito pouca gente acreditava que pudesse surtir efeito, sobretudo pelo peso financeiro que tudo isto incorporava”, disse.

Para Eduardo Vítor Rodrigues, o apoio à redução da tarifa conduzirá a um novo modelo de transporte público gratuito já testado em outras cidades da Europa. “O Governo entendeu, no Orçamento do Estado, incluir uma verba muito significativa, 105 milhões de euros, para começarmos este trajeto que eu acredito que começa agora, com o apoio à redução da tarifa e vai acabar daqui a dez ou 15 anos, com as grandes cidades a evoluir para ao transporte gratuito. É aqui que vamos acabar”, defendeu.

O presidente da AMP lembra que o estudo da mobilidade encomendado pelas duas áreas metropolitanas (Lisboa e Porto) ao Instituto Nacional de Estatística (INE) demonstra “cientificamente” que o número de veículos individuais a circular nas cidades tem aumentado de forma exponencial, enquanto a utilização do transporte público tem diminuído de forma “enorme”, muito por conta da falta de qualidade e fiabilidade da rede.

“Garantidamente com preços mais amigáveis e qualidade do transporte, não tenho dúvidas de que as pessoas preferirão usar o transporte público do que passar o inferno, que é o que passam neste momento nas travessias de Gaia para o Porto, do Porto para Gaia ou para Matosinhos. Têm-se transformado, a cada ano, num pesadelo a ponto de hoje ser muito difícil dizer o que é que é hora de ponta na nossa malha central”, explicou.

O também presidente da Câmara de Gaia salienta ainda que esta medida representa por si só um aumento da capacidade financeira das famílias, já que é superior “a qualquer aumento salarial que pudessem ter este ano, ou até somados alguns anos”.

A poucos dias da entrada em vigor do passe único, Eduardo Vítor Rodrigues desvalorizou as críticas de alguns autarcas do interior, considerando-as “injustas”. “Para realidades diferentes temos respostas políticas diferentes e é inquestionável que a questão dos transportes é, não diria uma exclusividade, mas pelo menos uma grande especificidade das áreas metropolitanas”, defendeu.

O passe único entra em vigor no dia 01 de abril. Nesta fase, a Área Metropolitana do Porto irá avançar apenas com o passe municipal de 30 euros, para viagens dentro do concelho ou até três zonas contíguas, e o passe metropolitano de 40 euros. O passe gratuito para crianças até aos 12 anos estará disponível apenas a partir de setembro.

No âmbito do Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos (PART), a Área Metropolitana de Lisboa, que tem mais de 464 mil utilizadores dos transportes públicos, irá receber a verba maior, 74,8 milhões de euros, enquanto a Área Metropolitana do Porto, com 177,5 mil utilizadores, vai receber 15,4 milhões de compensação financeira.

Mais de 150 mil pessoas vão beneficiar do novo passe único na AMP

Pelo menos 154 mil utilizadores do Andante vão beneficiar da entrada em vigor do passe único, na Área Metropolitana do Porto. De acordo com dados dos Transportes Intermodais do Porto (TIP), são os títulos Z2 os que representam a maior fatia do total de assinaturas na rede Andante, 41%, o que corresponde a uma média de 63.140 utilizadores.

Os dados relativos às assinaturas mensais para o mês de março revelam ainda que há 56.980 utilizadores com títulos Z3, o que representa 37%. Em conjunto, estes dois títulos correspondem, na prática, ao novo passe municipal, no valor de 30 euros, que no caso da AMP permite viagens dentro do concelho ou até três zonas contíguas.

A partir de quatro zonas ou mais, o número de assinaturas na rede Andante diminuí para menos de metade. No caso do título Z4, no mês de março foram adquiridas 21.560 assinaturas, cerca de 14%. Ainda segundo os TIP, somados, os títulos Z5, Z6 e Z7 representam apenas 8% das assinaturas mensais na rede Andante, o que corresponde a 12.320 utentes. Já a partir das oito zonas (até Z12) não há qualquer registo da aquisição de assinaturas mensais.

Com a entrada em vigor do passe único, todos os utilizadores com títulos Z4 ou superior (33.880) passam automaticamente a usufruir do passe metropolitano que permite circular nos 17 concelhos da Área Metropolitana do Porto, apenas por 40 euros. A expectativa dos Transportes Intermodais do Porto é que o número de utilizadores aumente com a entrada em vigor desta medida.

Neste sentido, nos próximos dias, as lojas Andante vão ser reforçadas. O objetivo é assegurar o atendimento atempado dos utilizadores, nomeadamente os cerca de 63 mil utentes com passe Z2 que podem agora acrescentar gratuitamente uma zona à sua assinatura mensal, visto que na tarifa prevista para o passe único, as assinaturas mensais Z2 e Z3 passam a pagar o mesmo valor, neste caso correspondente ao passe municipal.

A TIP apela, contudo, aos utentes para que não se apressem a fazer esta alteração, evitando filas e tempos de espera elevados, esclarecendo que os passageiros podem acrescentar a zona extra em qualquer altura.

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