Poul Thomsen: Enfrentar próxima crise depende da margem orçamental que países criarem agora

  • Lusa
  • 25 Março 2019

Diretor do Departamento Europeu do FMI, que liderou a missão do Fundo em Portugal na altura do pedido de resgate, deixa aviso: países têm de se preparar já para a próxima crise.

Poul Thomsen, diretor do FMI que já chefiou a missão do fundo em Portugal, afirma que a forma como os países enfrentarão a próxima crise depende da margem orçamental que criarem, alertando para o risco de uma “oportunidade perdida”.

“A forma como os países individualmente vão enfrentar a próxima crise vai depender da forma como atuarem e da margem orçamental que criarem”, afirmou hoje Poul Thomsen, que chefiou a missão da ‘troika’ em Portugal e que é atualmente diretor do departamento europeu do FMI, ao falar na conferência ‘Portugal: reforma e crescimento dentro da zona euro’, no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

O diretor do departamento europeu do FMI salientou, contudo, que os responsáveis locais “não estão a fazer o suficiente para criar margem orçamental para lidar com a próxima desaceleração económica” e alertou para o risco de “uma oportunidade perdida”.

“Pode ser que o penhasco esteja agora mais distante, mas o que é certo é que vamos sempre na direção do penhasco”, alertou Poul Thomsen.

“A realidade é que quando a próxima desaceleração significativa chegar, a capacidade dos países a enfrentarem depende do que fizerem a um nível nacional agora”, sublinhou.

Na sua intervenção, o responsável referiu também que é necessário um mecanismo de garantia dos depósitos europeu, é preciso simplificar as regras orçamentais e completar a união bancária na zona euro, mas admitiu que “há muito trabalho a fazer para o conseguir”.

A participar no mesmo painel de discussão, sobre reforma institucional na zona euro, Benoît Coeuré, membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu (BCE) frisou que “ter uma moeda estável é uma questão de confiança” e que o BCE “quer reforçar a confiança na moeda única”.

Segundo o responsável do BCE, para reforçar a capacidade de resiliência da zona euro é preciso agir em várias frentes. Por um lado, disse, é necessário garantir mercados cada vez mais funcionais na zona euro.

“Quanto mais funcionais forem os mercados na zona euro, menos necessárias serão intervenções ao nível da política monetária”, referiu.

De acordo com Benoît Coeuré também é importante garantir convergência entre os estados membros, quer ao nível económico quer a nível político, sendo também necessárias “boas políticas orçamentais a nível nacional”.

No mesmo sentido, Poul Thomsen frisou que é necessária uma garantia de depósitos à escala europeia, que é preciso simplificar as regras orçamentais e completar a união bancária na zona euro, apesar de salientar que a zona euro não é uma união política.

E por isso, prosseguiu Benoît Coeuré, é compreensível a fragmentação política e a dificuldade de consensos entre os estados membros nas medidas que apontam para uma maior integração dentro da zona euro.

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