Carlos Costa pede “consenso sobre estratégia nacional” sem “interesses de curto prazo”

Governador alerta para o facto de Portugal precisar de reformas estruturais para corrigir desequilíbrios que levaram o país à falência. Mas essas reformas são mais difíceis de implementar, notou.

O governador do Banco de Portugal pediu “consenso em torno da estratégia nacional” e que deixe de lado “interesses de curto prazo e visões de curto prazo que não privilegiam o longo prazo”. Carlos Costa defendeu esta segunda-feira que Portugal ainda precisa de reformas estruturais para corrigir os desequilíbrios que levaram o país à falência no passado.

Falando na conferência “Portugal: reforma e crescimento na Zona Euro”, organizada pelo Banco de Portugal e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Carlos Costa lembrou que, apesar da recente recuperação económica, o PIB per capita português dos últimos continuou cerca de 30%-40% abaixo da média europeia, sem ser capaz de convergir para as economias mais ricas. Acrescentou de seguida que essa convergência depende da vontade de fazer reformas que, hoje em dia, são mais difíceis de executar, apesar de serem muito necessárias para evitar crises como a que levaram o país a pedir um resgate financeiro em 2011.

“Tais reformas são, por um lado, imperativas para a correção dos desequilíbrios macroeconómicos que levaram Portugal às crises no passado e, por outro, muito difíceis de implementar depois da conclusão do programa de assistência“, referiu o governador do banco central. Mas “por que é que é tão difícil implementar reformas estruturais no atual contexto?”, questionou.

"Precisamos de ter um consenso sobre a estratégia nacional que deixe de lado interesses de curto prazo e visões de curto prazo.”

Carlos Costa

Governador do Banco de Portugal

Para Carlos Costa, são sobretudo três fatores que dificultam a implementação de um programa de reformas.

Primeiro, a “forte concorrência global”, que obriga as empresas a estarem em permanente adaptação às mudanças e a exigir um Estado flexível. “Isto significa que precisamos de um Estado que seja magro e eficiente, e que seja capaz de manter a coesão social ao mesmo tempo”, frisou.

Depois, é preciso dar maior destaque ao setor transacionável, para onde devem ser transferidos recursos para melhorar o setor exportador nacional e “evitar o regresso aos desequilíbrios externos”. “Mas isto pode arruinar a coesão social”, notou Carlos Costa.

Finalmente, uma vez que Portugal já não está num sentido de emergência e consegue financiar-se a custos relativamente baixos nos mercados, “a implementação de reformas pelos decisores políticos e o consenso social tornou-se mais difícil”. O governador referiu que “os custos de cada reforma tornaram-se mais claros” e devem ser “cuidadosamente equilibrados por benefícios de compensação que sejam percecionáveis” pelos portugueses.

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