Ricciardi sem dúvidas: “Haverá condenações no caso BES”

  • ECO
  • 25 Março 2019

O ex-administrador do BES, considera a resolução do BES um "erro colossal". Acusa ainda o Fundo de Resolução de estar a transferir dinheiro para empresas de recuperação de crédito no caso Novo Banco.

José Maria Ricciardi, ex-administrador do BES, considera que a resolução do banco foi “um erro colossal” e está convicto sobre o desfecho das investigações à gestão do seu primo Ricardo Salgado. Em entrevista ao Público (acesso condicionado), no caso do Novo Banco acusa ainda o Fundo de Resolução de estar “a transferir dinheiro para as empresas de recuperação de crédito”.

“É verdade que a Justiça demora tempo, mas acaba por funcionar. Não tenho dúvidas que levarão a condenações”. Esta é pelo menos a convicção de José Maria Ricciardi relativamente ao desfecho que acredita que terá o caso BES. Mas defende que todo o processo contém erros que poderiam ser evitados, mas dizendo que no caso da atuação do Banco de Portugal se tratou da “única instituição a enfrentar o dr. Ricardo Salgado“.

O antigo administrador do BES atribui sim ao Governo de Pedro Passos Coelho a responsabilidade pelo desenvolvimento que o processo acabou por ter. “Critico mais o dr. Pedro Passos Coelho e sou insuspeito pela relação muito forte que tenho com ele. O problema é mesmo a Resolução, que nunca devia ter sido feita”, diz.

Neste campo considera que o Governo liderado por Passos Coelho “não teve coragem, não bateu o pé a esta solução“, e que “foi a União Europeia que a impôs [resolução do BES]”.

Ricciardi acredita que teria sido possível evitar a resolução, considerando que o BES não tinha grande exposição ao GES, onde estava a fonte dos problemas, e que “seis ou sete milhões de euros” teriam sido suficientes para evitar o colapso do BES.

Não avaliaram bem as consequências da resolução“, diz. “Se o BES tivesse sido capitalizado com o que ainda havia de CoCos [obrigações convertíveis, a partir da linha de 12 mil milhões], e nem sei se era preciso esgotá-la, o país estaria agora numa situação mais folgada”.

Ricciadi acusa ainda a UE de ter atuado relativamente ao caso do BES com dois pesos e duas medidas, quando comparado com o tratamento dos problemas que afetaram a banca da Grécia e de Espanha.

Relativamente à resolução do BES, diz que a solução que teria funcionado melhor seria a defendida por Vítor Bento, o primeiro presidente do Novo Banco, que passava por manter a instituição mais tempo na esfera do Estado. “Se é para usar o dinheiro do Estado para ir saneando o banco, faria mais sentido mantê-lo na esfera pública, escolhendo gestores profissionais, vendendo-o quando o banco estivesse em melhores condições“, diz.

“No Novo Banco há um problema de rentabilidade e de atividade económica por resolver“, diz relativamente aquele que é o seu entendimento das dificuldades do Novo Banco em apresentar melhores resultados.

Relativamente à compra pelas empresas de recuperação de crédito dos ativos imobiliários do Novo Banco com forte desconto e agora estão a ganhar muito dinheiro, diz que “se se confirmar que são muito altas, então estamos a transferir dinheiro do Fundo de Resolução para os lucros dessas entidades”.

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