Tarifas aos consumidores podem aumentar. “Não é culpa da REN, é o Estado que manda a REN investir”

A Redes Energéticas Nacionais alertou, esta quarta-feira, para o facto de "programas agressivos de aposta na energia solar" poderem aumentar as tarifas finais aos consumidores.

Só este ano vão nascer 19 centrais solares fotovoltaicas em Portugal, com um investimento privado, nacional e internacional, que deverá rondar os 350 milhões de euros. São precisamente políticas governamentais como esta, “programas agressivos de aposta na energia solar”, que podem vir a “exigir maior investimento da REN [Redes Nacionais Energéticas]”, disse João Faria Conceição, administrador executivo da empresa, durante o Media Day da REN.

Perante este cenário, João Faria Conceição alertou para a possibilidade de um aumento no investimento ter “impacto nas tarifas” finais aos consumidores, o que fez questão de frisar não ser uma decisão tomada pela REN.

“Não é por culpa da REN que as tarifas estão mais altas. É o Estado que manda a REN investir”, explicou o responsável. Aliás, “o nível de investimento [da REN] estabilizou o nível de ativo, pelo que não induz aumentos tarifários”, acrescentou, mostrando que desde 2012 a empresa gestora da rede elétrica tem adotado um ciclo de diminuição progressiva do investimento. Ciclo esse que se vê, agora, ameaçado com este programa de fotovoltaicas, concentradas sobretudo no sul do país.

O nível de investimento [da REN] estabilizou o nível de ativo, pelo que não induz aumentos tarifários.

João Faria Conceição

Administrador executivo da REN

João Faria Conceição salientou, ainda, que quando novos promotores de projetores solares querem ligar-se à rede têm de enviar uma proposta. E, normalmente, cabe à REN fazer a análise de rede. De acordo com o responsável, muitas vezes, é até a própria Direção Geral de Energia e Geologia [DGEG] que encaminha os promotores para a REN, que decide, por sua vez, a validação ou não da proposta. “É um trabalho de articulação com a Direção Geral de Energia e Geologia”, referiu.

Recorde-se, ainda, que a REN apresentou as contas do primeiro trimestre deste ano na semana passada e, além dos lucros terem subido, também o investimento cresceu, contrariando a tendência que a empresa tem registado. Durante os primeiros três meses do ano, o capex (investimento) aumentou 2,9 milhões de euros para 16,8 milhões de euros, “beneficiando do aumento dos investimentos desenvolvidos no negócio da eletricidade”, disse Gonçalo Morais Soares, CFO da REN, admitindo que “às vezes é um sinal do que pode acontecer no resto do ano”.

O administrador financeiro da REN adiantou, ainda, que, até março, foi investido um total de 1,2 milhões de euros no cabo submarino para ligar o Windfloat, o primeiro parque eólico flutuante, à rede elétrica. Em março, o Ministério do Ambiente e Transição Energética (MATE) anunciou que a REN vai contar com uma verba de 30 milhões de euros, destinada à construção deste cabo submarino.

Produção renovável “raramente” ultrapassa consumo

Já sobre a produção renovável, Pedro Furtado, diretor de regulação e estatística da REN, afirmou que “a produção renovável raramente ultrapassou o consumo nacional” de eletricidade. “Em 2018 a produção eólica ultrapassou em apenas uma hora o consumo nacional de eletricidade”, menos ainda do que nos anos anteriores, explicou.

Segundos a REN, em 2017, a produção eólica ultrapassou em quatro horas o consumo de eletricidade em Portugal, em 2016 em três horas e em 2015 em quatro horas. “A produção renovável tem sido muito discutida. Se olharmos para o número de horas em que a eólica ultrapassou o consumo nacional não ultrapassou 100 nem 400 horas”, acrescentou Pedro Furtado.

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