Portugal avança com emissão de Panda Bonds. Vende 2 mil milhões de renminbi

“Portugal será o primeiro país da Zona Euro a emitir dívida em renminbi”, afirmou Ricardo Mourinho Félix, em declarações ao ECO. Venda vai acontecer na próxima semana e terá maturidade a três anos.

Ricardo Mourinho Félix, em articulação com o IGCP, liderou a equipa que está a preparar a emissão de Panda Bonds.Paula Nunes/ECO

Esta terça-feira, as autoridades chinesas deram a certificação que Portugal precisava para vender dívida em moeda chinesa. A colocação das Panda Bonds vai acontecer na próxima semana. É a primeira vez que o país — que já tem dívida em euros e dólares norte-americanos — faz uma colocação em moeda chinesa, sendo também o primeiro da Zona Euro a fazê-lo.

Esta é uma estratégia para diversificar as fontes de financiamento e tem vindo a ser preparada desde desde o final de 2017 por uma equipa liderada por Ricardo Mourinho Félix, secretário de Estado das Finanças, após a visita do primeiro-ministro António Costa à China.

“É uma excelente notícia. Portugal será o primeiro país da Zona Euro a emitir dívida em renminbi”, afirmou Ricardo Mourinho Félix, em declarações ao ECO.

Portugal vai realizar uma emissão de 2 mil milhões de renminbi, o equivalente a 260 milhões de euros. A venda será feita na próxima semana, nos dias 29 e 30 de maio. A emissão terá a maturidade de três anos e é provável que venha a ter um custo superior a uma emissão equivalente em euros (a yield da dívida a 3 anos em euros está negativa, em -0,222%).

“O pricing só será fechado no dia da operação, mas antecipa-se que seja superior ao equivalente em euros”, explicou o secretário de Estado das Finanças: “É o custo de entrada num novo mercado”.

O facto de emitir dívida em moeda chinesa vai obrigar o IGCP a fazer uma operação de cobertura de risco, ou seja, um hedging cambial para evitar que as obrigações fiquem expostas às flutuações de taxa de câmbio.

"O objetivo da emissão [de dívida em moeda chinesa] é estar num mercado de grande dimensão e com muita liquidez.”

Ricardo Mourinho Félix

Secretário de Estado Adjunto e das Finanças

O montante colocado à venda é limitado porque é a primeira vez que o país arrisca fazer uma operação de dívida num mercado oriental. Mas a autorização que Portugal conseguiu das autoridades chinesas permite fazer novas emissões no futuro. Quando o ministro das Finanças, Mário Centeno, esteve na China aproveitou a viagem para uma operação de charme de preparação para a venda destas obrigações.

“O objetivo da emissão é estar num mercado de grande dimensão e com muita liquidez”, explicou Ricardo Mourinho Félix. Numa altura de grandes riscos na Europa e no mundo — ainda esta semana a guerra comercial China-EUA voltou a fazer tremer os mercados — “a ideia é alargar a base de investidores”.

A ideia de avançar com Panda Bonds surgiu há dois anos, após a visita de António Costa à China. Desde então houve muitas conversas e trabalho de bastidores que culminou, esta terça-feira, com a emissão de um certificado por parte das autoridades chinesas – o equivalente à CMVM em Portugal.

Além do secretário de Estado estiveram envolvidos na operação a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) e ainda o Bank of China e o HSBC que vão atuar como os líderes da operação. O CaixaBI esteve igualmente nesta operação, com o papel de consultor financeiro.

Portugal está atualmente a pagar valores historicamente baixos para emitir dívida pública (o benchmark a 10 anos está nos 1,033%) e o Governo já admitiu mesmo antecipar este ano o pagamento de parte da dívida aos credores europeus, à semelhança do que fez com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

(Notícia atualizada às 12h58 com mais informações sobre a emissão)

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