Otimismo dos CFO em Portugal travou no início de 2019. Tendência é geral em toda a Europa

Dos 70% CFO a trabalhar em Portugal que se diziam otimistas face às perspetivas económicas no final de 2018, apenas 45% permanecem assim em 2019, aponta novo 'European CFO Survey' da Deloitte.

Se no final de 2018, o otimismo grassava entre mais de 1.400 administradores financeiros (CFO) de empresas espalhadas por 20 países europeus, com a viragem do ano este sentimento travou de forma pronunciada. Em Portugal, por exemplo, 70% dos CFO diziam, no último trimestre do ano passado, antecipar melhorias na economia portuguesa. Agora, apenas 45% se atrevem a prevê-lo. Já a nível geral, e pela primeira vez em quatro anos, o “resultado líquido” entre otimistas e pessimistas na zona euro é negativo.

As conclusões são do mais recente European CFO Survey da Deloitte, que semestralmente ausculta 1.400 CFO europeus, de empresas espalhadas por 20 países, incluindo Portugal. “Seja ao nível das perspetivas económicas para o país ou para a própria empresa, o inquérito revela uma queda considerável no otimismo dos CFO em Portugal”, sublinha a análise da consultora aos resultados apurados.

Em “termos líquidos”, a relação entre CFO otimistas e pessimistas em Portugal dá agora um resultado neutro, quando na edição anterior o resultado da subtração de pessimistas aos otimistas ainda assegurava uma prevalência de 26% destes últimos. “Este abrandamento parece motivado pela falta de otimismo nas perspetivas económicas portuguesas com os CFO que acreditam ser positivo a cair de 70% para 45% nos últimos seis meses.”

Segundo os resultados do inquérito da Deloitte, o otimismo caiu não apenas em Portugal, como em todos os países da zona euro, onde se encontram três dos cinco países com um resultado negativo entre pessimistas e otimistas. “Em comparação com a edição de outono de 2018, a proporção de CFO menos otimistas aumentou em 7 pontos percentuais (de 19% para 26%), enquanto a proporção de otimistas caiu ainda mais (de 27% para 23%). Pela primeira vez em quatro anos, o saldo líquido é agora negativo”, adverte o estudo.

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Alemanha (-12%), Reino Unido (-24%), Itália (-13%), Finlândia (-13%) e Islândia (-37%) são os cinco países onde a relação entre CFO otimistas e pessimistas mostra uma maior vantagem destes últimos em termos de perspetivas económicas futuras.

A Deloitte, no entanto, chama a atenção que se notam desenvolvimentos distintos entre os países, variando consoante estejam dentro ou fora da moeda única. “A confiança fora da área do euro recuperou, impulsionada por melhorias substanciais nos saldos líquidos de alguns países (em especial Turquia e Rússia), que mais do que contrabalançam a queda de confiança noutros países (Islândia e Suíça).”

Previsões: menos receitas, margens, investimentos e contratações

O total de CFO que consideram o atual momento propício a correr riscos recuou, em comparação com os resultados apurados no inquérito realizado há seis meses, com os resultados globais do levantamento a mostrarem que os sentimentos em relação à evolução das receitas e das margens em 2019 está em níveis historicamente baixos. “Para ambas as métricas [receitas e margens] o saldo está em mínimo histórico, embora a média se mantenha positiva”, refere a análise.

Fechando as conclusões apenas nos resultados obtidos em Portugal, a Deloitte salienta que “apesar de não se ter atingido um mínimo histórico”, registou-se igualmente uma “redução no sentimento positivo” face à evolução das receitas e margens. Os resultados mostram que 63% dos CFO estimam uma subida nas receitas”, menos 9 p.p. do que antes, e “34% acredita que as suas margens operacionais vão aumentar”, uma queda de 5 p.p. em comparação com o apurado há seis meses.

Da mesma forma, também as previsões sobre a evolução dos investimentos e das contratações ao longo do corrente ano travaram de forma pronunciada. Se antes, 12% dos CFO auscultados previam um corte no CAPEX, agora esse valor subiu para 19% a nível europeu. Já as intenções perante a evolução dos quadros de pessoal passou de 15% a ponderar cortes, para 23% — sobretudo nos países situados fora da zona euro.

Quanto às previsões dos CFO em Portugal, registou-se uma quebra tanto nos administradores que preveem reduzir o investimento (menos 4 p.p.) como nos que preveem aumentá-lo (menos 17 p.p.), com as intenções de reforçar quadros de pessoal a caírem de um saldo global de 28% para 24%.

Considerando todos estes resultados, é com naturalidade que se regista que a maioria dos CFO continue a defender uma postura defensiva como forma de encarar os próximos doze meses, com a redução dos custos a ser apontada como a principal estratégia a adotar por 85% dos CFO.

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