Trabalho “corajoso” e “incansável”. As reações à demissão de Theresa May

Theresa May vai sair de cena a meio do Brexit. Depois do anúncio da sua demissão, as reações não se fizeram esperar. A maioria em forma de elogios pela coragem e determinação demonstradas.

Adeus, Theresa May! A primeira-ministra britânica anunciou esta sexta-feira a demissão, devido às dificuldades que tem tido para encontrar uma solução para o Brexit. E as reações não se fizeram esperar. Se uns lamentaram esta saída, deixando palavras de respeito a May, outros não esconderam a felicidade, dando razão à demissão.

“Sei o quão doloroso é aceitar que o seu tempo acabou e que é necessária um novo líder”, começou por escrever David Cameron, no Twitter. O antecessor de Theresa May elogiou o discurso da primeira-ministra demissionária, “forte e corajoso”, deixando um “agradecimento pelos esforços incansáveis que fez pelo país”.

O presidente Juncker acompanhou o anúncio da primeira-ministra May sem alegria pessoal. Gostava da primeira-ministra May e apreciava trabalhar com ela. Como vincou outras vezes, Theresa May é uma mulher de coragem por quem tem muito respeito”, disse a porta-voz da Comissão Europeia, numa declaração em nome de Jean-Claude Juncker.

O líder da negociações do Brexit pelo lado europeu, Michel Barnier, deixou palavras de “respeito pleno” a Theresa May e elogiou-a pela sua “determinação” em todo este processo de saída da União Europeia (UE).

Ainda do lado dos franceses, Emmanuel Macron saudou o “trabalho corajoso” de Theresa May enquanto primeira-ministra e pediu uma “rápida clarificação sobre o Brexit”. “É muito cedo para especular sobre as consequências desta decisão”, disse, em comunicado.

Também o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e assumido candidato à sucessão, Boris Johnson, elogiou May pela “declaração muito digna” e agradeceu o “serviço estoico ao país e ao Partido Conservador”. “Agora está na hora de cumprir os seus pedidos: unirmo-nos e concretizar o Brexit”, escreveu, no Twitter.

Dentro do próprio Governo, o atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, homenageou a primeira-ministra demissionária. “Eu quero prestar homenagem à primeira-ministra hoje. A concretização do Brexit foi sempre uma tarefa enorme, mas que ela [May] enfrentou todos os dias com coragem e determinação. O NHS [Serviço Nacional de Saúde] terá um adicional de 20 mil milhões de libras graças ao seu apoio e ela deixa o país mais seguro. Uma verdadeira funcionária pública“, escreveu na rede social.

Também a ministra do Interior, Amber Rudd, elogiou a “grande coragem” de Theresa May, referindo-se a ela como uma “funcionária pública que fez tudo o que pode para encontrar uma solução para o Brexit”. “O seu sentido de missão é algo que todos deveriam admirar e aspirar”, escreveu.

Para a porta-voz do Governo espanhol, a demissão de May foi uma “má notícia”, uma vez que essa decisão “antecipa um período de dificuldades” e um “hard Brexit [sem acordo]”. “O hard Brexit parece uma realidade quase impossível de travar nesta circunstância”, disse Isabel Celaá, em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros espanhol. “Podemos esperar um novo líder conservador duro (…) diante de tempos difíceis”, acrescentou.

As mensagens chegaram também de Portugal, com o ministro dos Negócios Estrangeiros a mostrar-se confiante nos mecanismos da democracia britânica para ultrapassar a crise política. “A demissão significa uma crise política no Reino Unido, mas o Reino Unido tem os mecanismos necessários para soluções rápidas de crises [políticas]. Esperamos que haja um novo Governo e, sobretudo, que as autoridades britânicas possam ser mais claras de forma a que a aprovação do acordo negociado, entre a UE e o Reino Unido, possa fazer-se”, disse Augusto Santos Silva. “Como todos temos dito — o Presidente da República, o primeiro-ministro e eu próprio –, se o Reino Unido quiser repensar a sua decisão de sair, Portugal ficará muito contente”, completou.

Mas enquanto uns lamentam, outros mostram-se satisfeitos com esta decisão de Theresa May. É o caso do líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, que referiu que “a primeira-ministra tem razão em se demitir”. “Ela admitiu agora o que o país já sabe há meses: ela não consegue governar, nem [o consegue] o seu partido dividido e em desintegração”, continuou. Para Corbyn, o novo líder “deve deixar o povo decidir o futuro do país através de uma eleição legislativa e imediata”.

Da Rússia chega uma mensagem sem uma posição definida. “Infelizmente, não me lembro de qualquer contribuição para o desenvolvimento das relações bilaterais entre a Rússia e o Reino Unido. É mais o oposto, o mandato da primeira-ministra May constitui um período muito complicado do nosso relacionamento“, disse Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.

(Notícia atualizada às 14h55 com novas reações)

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