Líder do SPD demite-se e coloca em risco coligação que sustenta governo alemão

A líder do SPD, o parceiro minoritário da coligação que sustenta o governo liderado por Angela Merkel na Alemanha, demitiu-se este domingo devido ao mau resultado nas eleições europeias.

A líder do partido Social Democrata alemão (SPD), o segundo maior partido da Alemanha e parceiro de coligação da CDU de Angela Merkel, demitiu-se este sábado e vai sair também da liderança do partido no Parlamento alemão, uma decisão inesperada e que pode colocar em causa a coligação que sustenta o governo alemão.

Andrea Nahles justificou a decisão, anunciada este domingo, com o fraco resultado do partido nas últimas eleições europeias. “O apoio necessário para desempenhar as minhas funções já não existe”, disse a líder do partido, num curto comunicado publicado na página do partido (texto em alemão).

O SPD foi apenas o terceiro partido mais votado nas eleições europeias do passado domingo, sendo ultrapassado pelos Verdes como segundo partido mais votado. Os sociais-democratas alemães conseguiram 27,27% dos votos em 2014, mas este ano não foram além dos 15,82%, perdendo 11 deputados no Parlamento Europeu. A Alternativa para a Alemanha (AfD), o partido de extrema-direita alemão, ficou em quarto lugar e aproxima-se cada vez mais do SPD.

A liderança da CDU de Angela Merkel, que também perdeu vários lugares no Parlamento Europeu apesar de ainda ser o partido mais votado, também tem marcada uma reunião para este domingo, precisamente para discutir o mau resultado eleitoral.

A decisão de Andrea Nahles pode agora vir a pôr em causa a Grande Coligação entre a CDU, a CSU (partido irmão da CDU na Baviera) e o SPD, parceiro minoritário no governo. Nahles era uma das maiores defensoras da coligação e conseguiu evitar que o partido quebrasse o acordo feito com a CDU.

Em 2017, quando se realizaram as legislativas alemãs, o então líder do SPD, Martin Schultz também acabou por se demitir no seguimento do mau resultado eleitoral e depois de ter mudado a sua posição e aceitado uma nova coligação com o partido de Angela Merkel.

Vários altos responsáveis do SPD, incluíndo membros do governo alemão, acreditavam na altura que os maus resultados do SPD deviam-se à participação numa grande coligação da qual Merkel celebrava as vitórias, mas deixava as derrotas para os seus parceiros de coligação.

A demissão pode levar agora a um distanciamento entre os partidos. Se o SPD decidir abandonar a coligação, a CDU e a CSU só reúnem 37% dos votos, longe da maioria necessária no Bundestag.

A própria CDU enfrenta a sua própria crise de liderança. Para conseguir formar governo, Angela Merkel prometeu abandonar o seu partido no final da legislatura e a CDU nomeou como sua sucessora Annegret Kram-Karrenbauer (que foi a escolha de Merkel). Mas, segundo a Bloomberg, a liderança da sucessora de Merkel já está a ser questionada.

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