Armando Vara arrependido de ter saído da Caixa para o BCP
Armando Vara diz que tem tempo para refletir na prisão. Ao olhar para trás, diz-se arrependido de ter aceitado ir para o BCP porque foi visto como tentativa de Sócrates de controlar o banco.
Atualmente detido na prisão de Évora, Armando Vara diz que tem tido tempo para refletir. E, olhando agora para trás, manifesta arrependimento por ter aceitado o convite de Carlos Santos Ferreira para ir com ele para o BCP porque essa mudança ter foi vista como uma manobra do Governo de José Sócrates para controlar o banco privado.
“Se tivesse consciência do que viria a passar depois, não teria aceite ir para o BCP. (…) Se tivesse imaginado que a minha ida para o BCP seria entendido como uma tentativa do Governo de assaltar o banco, não teria aceitado o convite“, referiu Armando Vara esta sexta-feira no Parlamento, onde está a ser ouvido no âmbito da comissão de inquérito à recapitalização e gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Vara diz que a sua vida sofreu “choques brutais” nos últimos tempos, na sequência da sua detenção no início do ano por causa da condenação no processo Face Oculta. “Tenho tido tempo para refletir. E vou juntando as peças”, contou aos deputados, sugerindo que um dia vai escrever um livro com a sua versão dos acontecimentos na Caixa e no BCP.
Para já, garante que a Caixa não teve qualquer intervenção nas guerras do BCP, nem fez parte de qualquer “complô” para ajudar determinados acionistas a controlar o banco.
Questionado pelos vários financiamentos que o banco público concedeu a Berardo e Fino para tomar posições relevantes no banco privado, Armando Vara rejeitou que tenha existido “qualquer movimento conspirativo nessa matéria”.
E deixou a sua opinião acerca do que criou instabilidade no BCP: “Não acredito na tese da conspiração. Não excluo que, como aqui já foi referido por uma deputada, houve um certo compromisso que se chamava Compromisso Portugal e tinha alguma apetência pela direção do banco. Não tivemos nada a ver com a instabilidade que se criou no banco. O dr. Filipe Pinhal era vice-presidente ao tempo que Jardim Gonçalves era presidente. O que determinou a grande cisão foi a nomeação de outra pessoa para presidente do banco que não Filipe Pinhal. Será que o secretário do conselho de administração saberia suficiente do negócio bancário?”
Por mais do que uma vez Vara, e sem querer desmentir frontalmente Filipe Pinhal, disse que o antigo administrador do BCP terá “enganado” nas datas em relação à proposta do seu nome para ir para o BCP. Pinhal disse que foi a 3 de dezembro de 2007. Vara assegurou que só “duas semanas ou três semanas depois” é que Carlos Santos Ferreira o convidou para o BCP. E aceitou porque considerou o convite “uma enorme honra pessoal” e “irrecusável”. E também porque estava em fim de mandato no banco público, e isso pesou na decisão.
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