“Não temos como alvo a taxa de câmbio.” É assim que Draghi responde às críticas de Trump

Presidente do BCE prometeu estímulos caso a economia não acelere e Trump acusou-o, indiretamente, de manipular a moeda. Draghi respondeu a Trump de forma curta e seca.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, revelou que o BCE irá avançar com estímulos adicionais, que podem passar por novos cortes nas taxas de juro, caso a situação atual não mude, porque os riscos já se materializaram. Em resposta às críticas de Donald Trump ao anúncio, Draghi respondeu de forma curta e seca: “nós não temos como alvo a taxa de câmbio”.

O anúncio de estímulos monetários adicionais caso a situação económica não mude animou os mercados, mas do outro lado do Atlântico, Donald Trump não ficou contente e, numa sucessão de publicações na rede social Twitter, fez saber o seu desagrado e acusando euro de competir de forma injusta com o dólar, juntando a moeda única europeia a moedas acusadas de manipulação no passado, como foi o caso da moeda chinesa.

 

Num painel em que participou juntamente com o governador do Banco de Inglaterra, Mark Carney, e do ex-vice-presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, Stanley Fisher, o presidente do BCE foi confrontado com as declarações de Donald Trump e o comentário foi curto e seco.

“Temos o nosso mandato. O nosso mandato é a estabilidade de preços, definida por uma meta de inflação perto, mas abaixo, de 2% no médio prazo. Ainda agora disse que estamos prontos para usar todos os instrumentos para cumprir este mandato. E nós não temos como alvo a taxa de câmbio”, disse Mario Draghi, sem dizer mais uma palavra, perante algum riso da audiência sobre o seu silêncio.

No entanto, pouco antes o presidente do BCE foi questão de ir mais longe para explicar o que quis dizer durante a manhã, quando afirmou que o BCE estava a discutir a adoção de mais medidas de política monetária. Segundo Mario Draghi, antes a discussão era que medidas se tomariam ‘se’ alguns riscos se materializassem. Agora, a questão já não é se as medidas vão avançar. Esses novos estímulos monetários — como o corte das taxas de juro, mas não só — irão avançar mesmo, a menos que a situação económica melhore de tal forma que o BCE entenda que já não é necessário, algo que não se prevê que aconteça no horizonte.

“O trigger que sugeriria a necessidade de agir já não é ‘se’ algo adverso se materializar, mas antes na ausência de melhorias“, explicou, dizendo depois que a incerteza já se prolonga há tanto tempo que já não é uma questão de se virem a materializar certos riscos, a própria incerteza já se tornou num risco materializado.

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