O bom, o mau e o que ficou por fazer. Que avaliação fazem os partidos do Estado da Nação?

Com o fim da legislatura de António Costa no horizonte, os partidos já fazem a avaliação destes últimos quatro anos. Há elogios, mas também não faltam críticas.

Esta quarta-feira, António Costa vai ao Parlamento para mais um debate do Estado da Nação, o último desta legislatura e a ocasião perfeita para fazer uma avaliação dos últimos quatro anos.

Há elogios a este Governo tanto à direita como à esquerda, sobretudo no que diz respeito à reposição de rendimentos; Mas também não faltam críticas. “Este Executivo podia ter ido mais longe”, dizem os parceiros políticos da Geringonça. “O país vive na ilusão do fim da austeridade”, ouve-se à direita.

A avaliação do PSD: “Nunca se desinvestiu tanto”

O bom: “A justa reposição de rendimentos”. É esse o ponto positivo da legislatura de António Costa que Fernando Negrão destaca. O social-democrata sublinha, contudo, que tal reposição só foi conseguida, porque o Governo anterior (PSD/CDS-PP) promoveu a recuperação da situação económica do país.

O mau: “Nunca se desinvestiu tanto, nunca se usou tão pouco o investimento público como agora, não se fez uma única reforma estrutural”, critica Fernando Negrão, considerando que os últimos quatro anos foram “um reality show“. Para o líder parlamentar do PSD, o Executivo de António Costa “praticamente” não governou, mas fez “política exclusivamente”. O deputado salienta ainda que há sinais de “degradação dos serviços públicos”, como refletido na duplicação dos tempos de espera das cirurgias.

A avaliação do PS: “Valeu a pena”

O bom: “Valeu a pena”. São estas as palavras usadas por Carlos César para descrever esta legislatura de António Costa. “Foram quatro anos com uma experiência inovadora que permitiu, graças à confluência do PS com os partidos à sua esquerda, uma política de recuperação de rendimentos das pessoas, restituição de direitos que tinham sido retirados, uma política também ousada no que diz respeito a matérias emergentes na organização social, desde a igualdade de género a outros direitos das pessoas”, diz o líder parlamentar dos socialistas. César destacou também a evolução positiva da taxa de desemprego.

O mau: Carlos César lamenta a “acentuação muito negativa da crispação no diálogo interpartidário, em particular com os partidos à direita”.

A avaliação do BE: “Poderia ter sido possível ainda ir mais longe”

O bom: “Creio que a nação ficou melhor do que estava em 2015. Lembramo-nos bem dos quatro anos de destruição de PSD/CDS em que muitos dos direitos, salários e pensões tinham sido colocados em causa”, considera Pedro Filipe Soares, apontando como momentos altos desta legislatura a aprovação do programa de Governo e do primeiro dos quatro Orçamentos do Estado (OE). “O primeiro OE, que sofreu enormes pressões da direita e da Comissão Europeia, provou que havia responsabilidade nos compromissos assumidos e iniciou uma alteração na economia pelo positivo“, reforça.

O mau: O líder parlamentar do Bloco de Esquerda salienta como momento negativo desta legislatura a “votação do dinheiro para o Banif”, o que refletiu “uma má escolha porque respondia à chantagem indevida de Bruxelas e era uma resposta de novamente atirar dinheiro público para buracos privados”. Além disso, frisa que se poderia ter ido “ainda mais longe”.

A avaliação do CDS: País vive “na ilusão do fim da austeridade”

O bom: “A reposição de rendimentos”. É isso que Nuno Magalhães indica como ponto positivo desta legislatura, embora saliente que tal não é necessariamente sinónimo de uma nação “com mais dinheiro disponível”. Isto uma vez que este Executivo é “especialista na velha tática de dar com uma mão e tirar com uma e meia”, defende.

O mau: Na opinião do líder parlamentar do CDS-PP, o Executivo de António Costa colocou Portugal a viver na “ilusão do fim da austeridade”, o que não tem tido um reflexo efetivo na vida dos cidadãos. Duas áreas em que o país está pior, diz Magalhães, são a saúde e a segurança.

A avaliação do PCP: “Devia ter ido mais longe”

O bom: Para o comunista João Oliveira, com este Executivo “a esperança foi devolvida” ao país, nomeadamente com a “recuperação de direitos e rendimentos”.

O mau: Na opinião do líder parlamentar do PCP, este Governo “devia ter ido mais longe para que a resposta aos problemas do país fosse outra e houvesse uma correspondência maior com aquilo que eram as aspirações e anseios do povo português e as próprias necessidades do país”. João Oliveira lembra ainda que este final de legislatura tem ficado marcado por entendimentos mais à direita, em vez de “entendimentos à esquerda que teriam permitido avanços”, nomeadamente na Lei de Bases da Saúde e na revisão do Código do Trabalho.

A avaliação do PEV: “Governo criou obsessão com défice”

O bom: Heloísa Apolónia considera que o Executivo de António Costa deu “passos muito importantes naquilo que se refere à promoção da qualidade de vida das pessoas e também na maior sustentabilidade do desenvolvimento do país”. A deputada salienta que “houve condições” na Assembleia da República para que tais avanços pudessem ter acontecido, nomeadamente ao nível da “reposição de rendimentos das famílias”.

O mau: Apesar de reconhecer pontos positivos neste Governo, Apolónia faz questão de reforçar que o Executivo “claramente não” foi tão longe “quanto era possível e desejável”, nomeadamente na ferrovia. “Era possível ter feito mais investimento no sentido de gerar melhor mobilidade ferroviária em Portugal, fundamental para a coesão do território, combate às alterações climáticas e mobilidade das populações”, diz a deputada. Apolónia critica ainda os momentos que este Executivo se aproximou à direita, como aconteceu na revisão do Código do Trabalho, e defende que o Governo criou uma “obsessão com o défice”.

A avaliação do PAN: Uma “situação governativa inédita”

O bom: André Silva elogia a “situação governativa inédita” que foi conseguida com o acordo entre PS, PCP, BE e PEV, o que resultou no “amadurecimento” do sistema democrático português. “Após um período de austeridade, de um esforço enorme por parte dos portugueses, esta legislatura fica marcada pela reposição de rendimentos, por uma maior normalidade na vida dos portugueses, por uma menor crispação, por um clima económico e de confiança diferente daqueles que tínhamos tido”, salienta ainda o deputado único do PAN.

O mau: O momento mais negativo desta legislatura, para André Silva, foram os incêndios de 2017, particularmente o de Pedrógão Grande, pelos “custos humanos enormes” e pelo “flagelo dos ecossistemas”.

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