Com ou sem plano de emergência, greve nos combustíveis será sempre “muito perturbadora”

O Governo deu mais detalhes sobre a estratégia para mitigar os efeitos da greve dos motoristas. Mas assume que, com ou sem plano de contingência, paralisação será sempre "muito perturbadora".

O Governo admitiu que uma nova greve dos motoristas que transportam combustível vai sempre ser “muito perturbadora”, com ou sem o plano de emergência que está a ser preparado pela secretaria de Estado da Energia. Em declarações aos jornalistas, transmitidas pela RTP3, o ministro do Ambiente revelou que o plano “tem a dimensão de garantir uma quantidade mínima de combustível em todo o país que, obviamente, nunca é para que todos possamos fazer uma vida normal”, disse João Pedro Matos Fernandes.

O ministro descreveu o plano de emergência como “toda uma logística montada com tempo para assegurar que os prejuízos causados ao comum dos cidadãos” vai ser “o menor possível”. A intenção é evitar o que se passou na greve destes profissionais em meados de abril passado, em que a paralisação dos motoristas que transportam matérias perigosas quase parou o país e chegou mesmo a provocar perturbações no funcionamento do aeroporto de Lisboa.

“De facto, esta greve será sempre muito, muito perturbadora. E espero bem que os sindicatos e os patrões se entendam, para que ela não aconteça”, disse Matos Fernandes, referindo-se à ameaça de greve do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), que se prepara para voltar a parar já no dia 12 de agosto, em plena época de férias dos portugueses — e por tempo indeterminado.

[O plano de emergência do Governo] tem a dimensão de garantir uma quantidade mínima de combustível em todo o país que, obviamente, nunca é para que todos possamos fazer uma vida normal, porque, de facto, esta greve será sempre muito, muito perturbadora.

João Pedro Matos Fernandes

Ministro do Ambiente e da Transição Energética

Plano de emergência obriga a que mais de 25% dos motoristas não parem

Os sindicatos que representam os motoristas propuseram como referência que apenas “25% dos trabalhadores afetos a este tipo de serviço” tenham de continuar no ativo durante a greve, um valor que, como o ECO noticiou, é inferior aos 40% definidos na greve de abril. Ora, o plano de emergência do Governo obriga a um valor de referência superior a esses 25%, assumiu o ministro do Ambiente.

“Esta nossa rede vai muito além desses 25%”, disse aos jornalistas, indicando que, ainda assim, primeiro é preciso “perceber quais as exigências dos serviços mínimos”. Além disso, Matos Fernandes apelou aos motoristas que, no caso de se verificar mesmo a greve em meados de agosto, os serviços mínimos sejam mesmo cumpridos. “É fundamental que os serviços mínimos se cumpram. Da última vez até houve uma requisição civil que nem foi cumprida”, recordou.

Em concreto, sobre o plano de emergência revelado pelo secretário de Estado João Galamba numa entrevista, Matos Fernandes deu mais alguns detalhes. “Temos já definidos ao longo do país quais postos são para abastecimento exclusivo das forças de segurança, bombeiros e ambulâncias que transportam os doentes, e quais os postos que têm de ter combustível para servir o comum do cidadão”, indicou.

Referindo-se a uma “novidade”, o novo plano prevê agora que haja também abastecimento dos aeródromos, “onde se abastecem os aviões que, por exemplo, combatem os incêndios, se incêndios vierem a acontecer”, disse. E concluiu: “O que fizemos foi transformar uma rede de postos em todo um sistema logístico do seu abastecimento. Sabemos hoje quais os locais em que existe o combustível para esses mesmos postos. Sabemos quais os percursos que têm de ser feitos, de que meios necessitamos para o poder fazer. Oxalá não tenhamos obviamente de usar essa mesma rede.”

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