Petróleo a 70 dólares pode agravar preço dos combustíveis até 12 cêntimos por litro

Preços da matéria-prima disparou nos mercados internacionais após um ataque a refinarias na Arábia Saudita. Da última vez que esteve nos níveis atuais, os combustíveis estavam bem mais caros.

O petróleo está a disparar nos mercados internacionais. Chegou à fasquia dos 70 dólares após um ataque ao maior produtor do mundo ter eliminado mais de metade da capacidade da Arábia Saudita, deixando antever um impacto expressivo nos preços dos combustíveis no mercado nacional. Há margem para subidas de vários cêntimos no valor por litro do gasóleo, mas ainda mais no caso da gasolina, caso a tendência de subida se mantenha.

O Brent, que serve de referência às importações nacionais, esteve a subir mais de 19% para 71,95 dólares por barril nas primeiras negociações da madrugada. Entretanto aliviou ligeiramente a valorização, mas continua acima dos 65 dólares em Londres, estando ligeiramente acima dos 60 dólares em Nova Iorque.

Quebras de produção fazem subir preços

A última vez que o Brent atingiu a fasquia dos 70 dólares foi há seis meses. No total do mês de maio, o barril fechou abaixo desta barreira apenas em três sessões, o que se refletiu nos preços nas bombas. O preço médio da gasolina simples de 95 octanas foi, na altura, de 1,599 euros, enquanto o do gasóleo de 1,424 euros, com base no histórico da Direção-Geral de Energia e Geologia.

O preço de referência da gasolina situa-se atualmente em 1,475 euros por litro, após cinco semanas de queda. Ou seja, há uma diferença de 12,4 cêntimos por litro. No caso do gasóleo (que está em máximos do início de agosto), a diferença é menor, mas expressiva: são 6,7 cêntimos entre os valores de maio e os atuais 1,357 euros por litro.

Os preços dos combustíveis em Portugal são atualizados semanalmente, com base na evolução média dos preços do petróleo e derivados nos mercados internacionais na semana anterior, pelo que aumentos desta dimensão só acontecerão se a tendência de subida das cotações se mantiver. Este ajustamento feito pelas petrolíferas tem também em conta as variações nas moedas.

A diferença entre o dólar (divisa em que é transacionado o petróleo) e o euro (em que os combustíveis são comprados nas bombas) também não deverá ajudar os consumidores. Em maio, um euro equivalia a 1,12 dólares, enquanto atualmente um euro vale 1,10 dólares, penalizado pelos novos estímulos anunciados pelo Banco Central Europeu. Ou seja, é preciso um montante mais elevado em euros para comprar a mesma quantidade de petróleo em dólares e as empresas fazem refletir esse agravamento nos preços finais.

Assim, se o valor do barril continuar a subir, os consumidores poderão esperar que se torne mais caro abastecer o carro na próxima semana. A evolução irá depender da capacidade dos produtores de acalmarem os receios com um desequilíbrio entre a oferta e a procura.

A subida da cotação do petróleo deve-se a um ataque com drones às instalações da petrolífera estatal do reino saudita Saudi Aramco. Os ataques levados a cabo por rebeldes do grupo Houthi (do Iémen, mas que tem apoio do Irão) comprometeu metade da produção diária de petróleo da Arábia Saudita e 5% de toda a oferta mundial.

A Saudi Aramco está a tentar restabelecer a produção e a Arábia Saudita já disse estar disponível para usar as reservas que detém (tanto no reino como as que tem no Egito, Japão e até na Holanda) para compensar a quebra na produção diária. Os EUA, segundo maiores produtores de petróleo do mundo, também já se mostraram disponíveis para colocar reservas no mercado.

Em Portugal, a Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE) disponibilizou-se igualmente para mobilizar reservas de petróleo caso se prolongue o corte temporário. Em comunicado, a ENSE afirma que “dispõe de reservas estratégicas que podem ser mobilizadas para suprir uma falta eventual” e precisa que tem “à sua disposição 538,1 mil toneladas de crude em reservas físicas e 373,5 mil toneladas em tickets que representam direitos de opção sobre crude armazenado em Portugal e noutros países da União Europeia”.

“Estas quantidades estão à disposição da ENSE para mobilização imediata, caso se entenda necessário”, sublinha a ENSE, acrescentando que “é importante destacar neste momento que, caso o impacto sobre a oferta seja persistente e os operadores que importam petróleo para Portugal tenham alguma dificuldade temporária para obter crude, o país através da ENSE dispõe de reservas estratégicas”.

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