Para onde vão os automóveis? Ainda ninguém sabe, mas o futuro será mais “limpo”

Depois dos motores a combustão, quem se segue? Os híbridos plug-in? Elétricos? Ou a hidrogénio? A única certeza é a de que o futuro será, inevitavelmente, mais "limpo".

Quem se senta ao volante de um automóvel quer ir do ponto A ao B. Quer engrenar a primeira velocidade para ir em frente… A indústria automóvel procura fazer exatamente o mesmo, mas há dúvidas sobre qual o caminho a seguir. Há uma mudança de paradigma: os motores a combustão, como os conhecemos, parecem condenados. O que se segue? Os híbridos plug-in? Elétricos? Ou a hidrogénio? A única certeza é a de que o futuro será, inevitavelmente, mais “limpo”.

“O setor automóvel está a transformar-se”, diz Pedro Bernardo, senior development manager do Clube de Fornecedores da Bosch Portugal, à margem da conferência “Alemanha como mercado destinatário: um potencial a explorar”. Hans-Joachim Böhmer, diretor executivo da CCILA, alerta para a “mudança de paradigma, que é a transição de motores de combustão para motores elétricos, sem esquecer a condução autónoma”.

Pedro Bernardo diz que “é preciso inovar”. Mas qual deve ser a aposta da indústria? “Há um incerteza enorme sobre se os carros vão ser completamente eletrificados, hibridos, híbridos plug-in…”. “Não sabemos qual é a tecnologia que vai dominar o futuro. Uma aposta num sentido só, pode ser um tiro ao lado“, destaca Miguel Leichsenring-Franco, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã (CCILA).

O que vai decidir o rumo do futuro automóvel é o fator ambiental e o peso que a tecnologia escolhida terá nesse processo.

Pedro Bernardo

Senior Development Manager do Clube de Fornecedores da Bosch Portugal

“Há uma interrogação sobre o caminho certo a seguir, o que é uma tendência hoje, daqui a dois meses já deixa de ser”, explica o senior development manager do Clube de Fornecedores da Bosch Portugal, salientando que uma das soluções é ter “uma visão mais abrangente” sobre aquilo que será o futuro.

É preciso “abrir os horizontes e apostar na diversidade” para sobreviver, diz o responsável. “O fator ambiente é que vai decidir o rumo do futuro automóvel“, aliado ao “peso que a tecnologia escolhida terá nesse processo”, remata Pedro Bernardo.

Alta tensão passa fatura ao crescimento

Há muitas incógnitas quanto ao futuro da indústria automóvel, devido à tecnologia. Mas não só. A incerteza paira sobre o setor em resultado da guerra comercial entre EUA e China, mas também o Brexit. São dois fatores que estão a fazer com que se assista a um abrandamento da economia a uma escala global, travando as vendas de automóveis.

O Grupo Pinto Brasil, que atua no setor da metalomecânica, contando com a indústria automóvel para 90% das suas receitas, diz que existem “muitas incógnitas” relativamente ao futuro do automóvel, sendo que muitas delas estão relacionadas com a instabilidade mundial, nomeadamente a guerra comercial entre os EUA e a China, que na sua ótica ainda veio “abrandar mais a economia”.

Os fabricantes estão a reter investimentos relativamente à produção de novos carros e novos modelos, querem perceber o que se vai passar“, refere José Maia Freitas, sales manager do Grupo Pinto Brasil.

Alemanha? Ainda não afeta as empresas portuguesas

A Alemanha é um destino importante para Portugal, o ano passado cerca de 11,5% das exportações portuguesas destinaram-se ao mercado alemão, um aumento de 6,3% em relação ao ano anterior. Tendo em conta que o setor automóvel tem um peso bastante grande nesta percentagem, estarão os empresários a sentir esse abrandamento? O ECO falou com alguns empresários para saber qual o impacto deste abrandamento.

Pedro Bernardo, senior development manager do Clube de Fornecedores da Bosch Portugal, refere que “até agora, o abrandamento da economia alemã não está a afetar a Bosch Portugal”. “Este tipo de abrandamento é cíclico e faz parte da história”. Considera que a solução passa por “adaptar-nos e fazer uma aposta cada vez maior em inovação”, remata.

José Maia Freitas, sales manager do Grupo Pinto Brasil também afasta o impacto. A empresa “ainda não sentiu o abrandamento da economia alemã”, apesar de estar consciente que é “um efeito em cascata” e que vai afetar todos os setores.

A Alemanha é um mercado importantíssimo e tem um peso enorme dentro da indústria automóvel.

José Maia Freitas

Sales Manager do Grupo Pinto Brasil

O Grupo Pinto Brasil, apesar de não sentir esse abrandamento, pretende alargar o leque de oferta e já começou a trabalhar com outro tipo de indústrias como os têxteis, eletrónica, entre outras. “Produtos que já desenvolvemos para o setor automóvel estamos a aplicar em outras indústrias”, explica José Maia Freitas.

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