FMI revê previsões em alta para Portugal. Economia cresce 1,9% este ano

O Fundo prevê que a economia portuguesa cresça 1,9% este ano, mais duas décimas que o antecipado em junho. PIB deve abrandar até 2024, mas cresce mais que a Zona Euro.

Apesar do corte de previsões para a economia mundial e a Zona Euro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta as suas projeções para Portugal, prevendo agora que a economia cresça 1,9% este ano, mais duas décimas que o antecipado em julho. A instituição alinha, assim, a sua previsão com a que o Governo fez em abril e que Mário Centeno atualizará esta terça-feira no esboço do Orçamento do Estado para 2020. Mas continua a ver abrandamento da economia até 2024.

Num quadro de abrandamento generalizado da economia mundial, o FMI reviu em altas as suas previsões para a economia portuguesa, à boleia da revisão estatística feita pelo INE em setembro e que aumentou significativamente os valores do PIB em 2017 e 2018, com implicações em 2019 e 2020.

Nas suas novas previsões, o FMI revê de 1,7% para 1,9% o crescimento que espera para a economia portuguesa em 2019, alinhando a sua previsão com a que Mário Centeno fez em abril no Programa de Estabilidade e com a do Conselho das Finanças Públicas, realizada na semana passada.

O Banco de Portugal também para atualizou as suas previsões na semana passada para ter em conta os novos dados do INE, e aponta agora para um crescimento de 2% este ano.

A revisão em alta estendeu-se ao próximo ano, mas não mudou a tendência. A economia portuguesa vai continuar a abrandar e, salvo grandes mudanças, esse abrandamento vai manter-se durante a próxima legislatura.

Segundo o FMI, a economia portuguesa vai crescer apenas 1,6% em 2020 (mais uma décima que o que esperava em julho), e a tendência será de abrandamento até 2024, altura em que estima que a economia cresça 1,5%.

O cenário é, ainda assim, um pouco mais animador quando se compara o resultado esperado para a economia portuguesa com a média da Zona Euro, já que em todo este período o FMI vê um crescimento superior da economia portuguesa.

A convergência com os países que partilham a moeda única é mais pronunciada este ano, em que o FMI espera um crescimento da Zona Euro de apenas 1,2% — reviu em baixa face aos anteriores 1,3%. Em 2020, a distância reduz-se para apenas duas décimas, já que o Fundo espera uma recuperação da economia alemã, mas daí em diante a distância mantem-se nas duas décimas, com Portugal a crescer acima da média.

Menos desemprego e ainda menos inflação

O FMI também reviu as suas previsões para a taxa de desemprego nos próximos dois anos, antecipando que esta melhoria no crescimento económico permita que a taxa de desemprego seja ligeiramente melhor do que o que previa em julho deste ano.

Nas novas previsões do FMI, a taxa de desemprego diminuiria para 6,1% em 2019 e para 5,6% em 2020, tendo as previsões mais otimistas relativamente ao mercado de trabalho, inclusivamente quando comparadas com as do Governo – que só espera o desemprego abaixo dos 6% em 2021.

Se as previsões do crescimento e do desemprego ajudam às contas que Mário Centeno tem a fazer, a expectativa para a evolução dos preços vai em sentido contrário.

O FMI reviu de 1,1% para 0,9% a previsão para a evolução dos preços em Portugal, deixando o Governo sozinho com a única previsão de crescimento de preços acima de 1% entre as seis instituições que fazem previsões para a economia portuguesa.

Mesmo no próximo ano, a previsão para o crescimento dos preços é revista em baixa, de 1,5% para 1,2%.

O crescimento mais fraco dos preços pode indicar um abrandamento do lado da procura e sinais de maior fragilidade na economia, e ainda ter impacto no valor do PIB nominal (o que é usado como base para os rácios do défice e da dívida pública).

A evolução dos preços está ainda ligada a outros fatores que têm um peso mais direto no bolso dos portugueses, como a atualização das pensões no início do próximo ano que está, antes de mais, ligada à inflação registada.

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