Moody’s baixa perspetiva da banca portuguesa para “estável” devido ao abrandamento económico

Agência de notação financeira baixou o "outlook" para a banca portuguesa, de "positivo" para "estável", devido à desaceleração da economia.

A Moody’s baixou a perspetiva de evolução do rating dos bancos portugueses de “positiva” para “estável”, justificando a decisão com o abrandamento da economia nacional. Ainda assim, a agência de notação de risco considera o “ambiente operacional dos bancos vai continuar estável” apesar do travão económico.

“O outlook para o sistema bancário português foi alterado de positivo para estável com o crescimento da económico prestes a desacelerar em linha com a Zona Euro”, adianta a Moody’s num relatório publicado esta segunda-feira.

Maria Vinuela, analista da agência de rating, sublinha, ainda assim, que “o capital, a rentabilidade e as condições de financiamento dos bancos portugueses vão permanecer sólidos ao longo dos próximos 12 a 18 meses, e que vão continuar a reduzir o volume de ativos não produtivos NPE)”.

“A rentabilidade deverá continuar próxima dos níveis atuais, com os encargos para provisões mais reduzidos e as iniciativas para redução dos custos a compensarem os volumes de negócio moderados e as taxas de juro muito baixas”, explicou a responsável da Moody’s.

Os principais bancos já apresentaram contas. No total, os lucros baixaram 15% nos primeiros nove meses do ano, pressionados pelo agravamento dos prejuízos do Novo Banco e pela quebra de 50% dos resultados do BPI devido a fatores extraordinários. Já a Caixa Geral de Depósitos registou uma subida de 70% do lucro para 641 milhões de euros, ajudado pela venda dos bancos em Espanha e África do Sul. BCP e Santander Totta subiram os lucros em 5% e 1,5% para 270 milhões e 390 milhões, respetivamente.

Segundo a agência de rating, os ativos não produtivos vão continuar a cair de forma orgânica, com a tendência a ser ajudada também pela venda de carteiras. Mas os níveis de NPE vão continuar elevados face aos padrões europeus, alerta a Moody’s, lembrando que os bancos portugueses registam um rácio de crédito malparado (NPL) de 8,9% no final de junho, o que compara com o rácio de 3,0% da média da União Europeia. A Moody’s estima que o rácio de NPL baixe para 8,1% até final de 2020.

Em relação às necessidades de funding, vão permanecer baixas graças à desalavancagem da economia e à sólida base de depósitos, indica a agência. Ainda assim lembra que os requisitos MREL vão forçar os bancos a emitir mais instrumentos de dívida para fazer face a eventuais perdas. “O apetite dos investidores continua vulnerável a choques externos”, lembra a agência.

A Moody’s vê a economia a crescer 1,7% em 2019 para depois convergir para um crescimento potencial na ordem dos 1,5%. Isto num cenário em que, apesar das condições de crédito do país terem melhorado, o endividamento das famílias continua acima da média da Zona Euro e a ser um fator de preocupação para a agência, que continua a assumir uma “probabilidade moderada” de apoio do Governo aos dois maiores bancos portugueses, a CGD e o BCP.

(Notícia atualizada às 10h28)

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