Altice integra 2.000 trabalhadores de prestação de serviços. Sindicato está “preocupado”

  • Lusa
  • 15 Janeiro 2020

2.000 trabalhadores que estavam na ManpowerGroup a prestar um conjunto de serviços para a Altice Portugal vão ser incorporados na Intelcia e passam a "integrar a folha salarial" do grupo.

A Altice alargou o universo de negócios, com o lançamento em Portugal da Intelcia, uma empresa de customer service detida em 65% pela operadora de telecomunicações que vai integrar 2.000 trabalhadores de contact centers e de serviços comerciais hoje a trabalhar na ManpowerGroup Solutions. A integração destes trabalhadores visa, segundo Alexandre Fonseca, assegurar que a Altice cria valor e se diferencia da concorrência pelos serviços, que ganham relevo face às infraestruturas.

“O grupo Altice decidiu realizar uma nova operação em Portugal”, afirmou o presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, através da incorporação da Intelcia, que opera na área de outsourcing (subcontratação de serviços), com 20 anos de experiência, e faz parte do universo do grupo.

Assim, a Intelcia Portugal, que é detida em 65% pela Altice Portugal, passa a ser o prestador preferencial dos serviços de atendimento ao cliente da dona da Meo, pelo que as áreas de contacto com o cliente e comercial, que eram asseguradas até agora pela ManpowerGroup Solutions, vão passar a ser totalmente assumidas por aquela entidade.

Nesse sentido, os cerca de 2.000 trabalhadores que estavam na ManpowerGroup a prestar um conjunto de serviços para a Altice Portugal vão ser incorporados na Intelcia e passam a “integrar a folha salarial” do grupo.

Com esta medida, “a Altice volta a investir em Portugal e a criar emprego“, afirmou o gestor, salientando que “este movimento vai reforçar o compromisso do grupo” no mercado português.

Alexandre Fonseca garantiu que vão ser “asseguradas todas as condições que os trabalhadores tinham na sua empresa de origem”, além de que vão beneficiar de um seguro de saúde com acesso à rede da Altice Portugal.

A diretora-geral da Intelcia Portugal, Carla Marques, adiantou que a empresa “não ficará confinada à Altice, apesar de ser o prestador preferencial dos serviços de atendimento ao cliente” da dona da Meo.

A Intelcia irá prestar serviços “fora do universo” Altice, pretendo crescer no mercado português.

De acordo com Carla Marques, os três eixos estratégicos da Intelcia, que iniciou a operação em Portugal em setembro de 2018, são: ser parceira da Altice, ser operador multilingue e parceiro local do mercado português.

Com esta nova operação, a Altice Portugal pretende “reforçar” a sua “posição na qualidade do serviço com o cliente”, sublinhou Alexandre Fonseca.

“É um movimento que faz sentido”, considerou.

A Intelcia Portugal conta com uma centena de trabalhadores, aos quais se vão juntar os cerca de 2.000 trabalhadores da ManpowerGroup.

A Altice Portugal detém 65% da empresa, sendo que os restantes 35% são detidos por dois acionistas marroquinos.

Em termos globais, a Intelcia conta com mais de 14 mil colaboradores e presença em nove países, apostando na continuação da sua expansão.

“Para isso está a apostar numa presença noutras geografias, nomeadamente nos EUA, prevendo um crescimento de número de colaboradores e diversificação linguística e de especialização em áreas de ITO e BPO em gestão de relações B2C [empresas que vendem produtos ou prestam serviços para o consumidor final] e B2B [empresas que vendem produtos ou prestam serviços para outras empresas], ‘outsourcing’ de processos de negócio, soluções informáticas e serviços digitais”, refere a Altice Portugal.

Sindicato está preocupado com a operação

Já depois do anúncio, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores Das Telecomunicações e Audiovisual (Sintaav) disse encarar “com preocupação” a anunciada incorporação na Intelcia.

“Vemos isso com preocupação, porque a transmissão de negócios de uma empresa para outra implica sempre preocupação para os trabalhadores e, em alguns casos, até prejuízo”, afirmou o dirigente nacional do Sintaav, Hernâni Marinho, em declarações à agência Lusa.

Admitindo que “já há agitação entre os trabalhadores”, o sindicalista disse que o Sintaav “já tem dirigentes no terreno, porque os trabalhadores entraram logo em contacto com o sindicato”, estando previsto para esta sexta-feira “um plenário de trabalhadores para discutir toda esta situação”.

A Intelcia Portugal passa a ser o prestador preferencial dos serviços de atendimento ao cliente da dona da Meo, pelo que as áreas de contacto com o cliente e comercial, que eram asseguradas até agora pela ManpowerGroup Solutions, vão passar a ser totalmente assumidas por aquela entidade.

Apesar das garantias para já avançadas pela ManpowerGroup Solutions, o dirigente sindical Hernâni Marinho diz que o Sintaav vai “ter de explorar melhor toda esta situação, quer com a ManPower, quer com a outra empresa que vai assumir a prestação de serviços”. É que, notou, mesmo ficando “tudo garantido em termos de direitos”, caberá aos trabalhadores “fazerem a sua opção” quanto à aceitação ou não da transmissão para a nova empresa.

“Se houver trabalhadores que, eventualmente, se oponham, teremos de os acompanhar no sentido de que todos os seus direitos sejam respeitados em termos da desvinculação da empresa, se for essa alternativa”, disse.

(Notícia atualizada às 12h01 com reação sindical)

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