“Vamos analisar impacto do Luanda Leaks para empresas, banca e rating de Portugal”, diz Fitch
O responsável da agência de rating considera que ainda é cedo para tirar conclusões, mas garante estar a acompanhar potenciais implicações.
Rating soberano, empresas e banca portugueses poderão ser afetados pelo caso Luanda Leaks. O caso, que envolve Isabel dos Santos, está a ser acompanhado pela agência Fitch, segundo explicou Michele Napolitano, diretor sénior de soberanos da Fitch Ratings, em entrevista ao ECO.
“Penso que é muito cedo para dizer [se o caso Luanda Leaks é um risco para a estabilidade portuguesa]. O que diria é que é algo que vamos analisar, não apenas em relação ao impacto nas empresas e nos bancos, mas também no lado soberano, se há algum problema de governança“, explicou Napolitano, que esteve em Lisboa para um encontro com clientes.
O consórcio de jornalismo de investigação (ICIJ) revelou mais de 715 mil ficheiros que revelam como Isabel dos Santos se tornou a mulher mais rica de África. De acordo com a investigação, a filha do ex-presidente de Angola terá utilizado fundos públicos para fazer crescer a fortuna própria. Foi na liderança da Sonangol que terá, com recurso ao EuroBic, transferido 115 milhões de dólares para uma sociedade sua no Dubai.
"Penso que é muito cedo para dizer e fazer uma avaliação sobre um impacto na estabilidade financeira ou no setor empresarial, mas é claramente algo que devemos discutir ao nível soberano com os nossos colegas das equipas de empresas e finanças. Por enquanto, não há impacto para o rating soberano português.”
Isabel dos Santos tem participações em 22 empresas com sede ou presença em Portugal, sendo que já anunciou que quer vender o capital da Efacec e do EuroBic que detém. Outras das mais importantes empresas são a Nos ou a Galp. E é esta teia de influências que a Fitch está a acompanhar, em especial no que diz respeito ao governance.
“A governança é um fator importante para a nossa avaliação de rating. Portanto, quando percebermos um pouco mais as implicações desse escândalo, teremos de ver se há alguma falha de governança no país“, sublinhou o diretor sénior de soberanos da Fitch.
“Penso que é muito cedo para dizer e fazer uma avaliação sobre um impacto na estabilidade financeira ou no setor empresarial, mas é claramente algo que devemos discutir ao nível soberano com os nossos colegas das equipas de empresas e finanças. Por enquanto, não há impacto para o rating soberano português“, acrescentou.
A Fitch avalia atualmente a dívida pública nacional em “BBB”, o segundo nível de grau de investimento, tendo o outlook “positivo”. No encontro desta quinta-feira em Lisboa, a agência — que irá avaliar novamente Portugal a 22 de maio — mostrou otimismo quanto ao país antecipando que o rácio da dívida em relação ao PIB continue a cair e que a economia cresça acima da média do euro.
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