Vírus afunda Wall Street. Bolsas mundiais já perdem dinheiro este ano

O alastrar do coronavírus está a afundar as bolsas norte-americanas, arrastando as bolsas mundiais para "terreno" negativo no acumulado de 2020.

Depois das fortes quedas nas praças europeias e asiáticas, maré vermelha também nas bolsas norte-americanas. Os três principais índices dos EUA estão a afundar no arranque desta semana, perante renovados receios quanto ao alastrar da epidemia de coronavírus, que está a propagar-se na Europa a partir de Itália e que ameaça travar a recuperação da economia global.

A pressão vendedora está instalada sobre as ações cotadas em Wall Street, com as bolsas dos EUA a acompanharem a tendência negativa que se verifica na generalidade dos ativos de risco em todo o mundo. O S&P 500 perde mais de uma centena de pontos e está a recuar 3,14%, para 3.232,89 pontos. O industrial Dow Jones cai mais de 988 pontos e cede 3,41%, para 28.004,19 pontos. O tecnológico Nasdaq derrapa 4,25%, para 9.169,31 pontos.

Estas quedas nas bolsas norte-americanas seguem-se às fortes desvalorizações registadas nos mercados europeus, que acompanharam a tendência negativa nas bolsas asiáticas. Com as perdas verificadas nos índices dos EUA, o MSCI World, o índice que mede o comportamento dos mercados acionistas em todo o mundo, já está em “terreno” negativo no acumulado do ano, após uma queda de 2,7% nesta sessão. Significa que a pressão do coronavírus já está a fazer os mercados acionistas mundiais perderem dinheiro em 2020.

A pesar nos mercados acionistas mundiais está o aumento súbito no número de infeções por coronavírus em Itália, que já alcança as 219 e que causa preocupação acrescida numa União Europeia sem fronteiras. Fora da China, o vírus também está a ganhar terreno na Coreia do Sul e no Irão.

Algumas das principais quedas na bolsa em Nova Iorque estão a verificar-se no setor da aviação civil. Os títulos da Delta Air Lines estão a desvalorizar 5,58%, para 54,55 dólares, enquanto os da American Airlines perdem 8,73%, para 25,26 dólares. As ações da United estão a cair 5,18%, para 73,99 dólares. Em causa, o eventual impacto nas contas destas empresas provocado pelas restrições nas deslocações, que estão a ser levantadas em vários países, na tentativa de evitar que a epidemia se transforme numa pandemia.

Evolução das ações da American Airlines no Nasdaq

Perante este cenário, nem mesmo os títulos da Berkshire Hathaway escapam ao afundanço nas bolsas. A empresa do lendário investidor Warren Buffett acabou de apresentar lucros recorde no ano de 2019, nomeadamente um resultado líquido de 81,4 mil milhões de dólares, mas as ações registam uma perda líquida de 10.250 dólares, estando a cair 2,98%, para 333,5 mil dólares cada. Um sinal de que os investidores estão focados nos impactos futuros do coronavírus, mais do que nos desempenhos passados registados pelas empresas.

Já no setor tecnológico, mais concretamente, os investidores temem o impacto económico dos problemas que já se estão a verificar nas cadeias de fornecedores. É o caso da Apple, uma das empresas que tem sido mais pressionadas pelo coronavírus. Os títulos da fabricante do iPhone, que é um dos “pesos pesados” da bolsa norte-americana, cedem 3,67%, para 301,73 dólares.

As perspetivas de menor procura de petróleo estão também a resultar numa desvalorização da matéria-prima nos mercados internacionais. Os futuros do WTI estão a cair 4,57%, para 50,94 dólares o barril, um desempenho que está a arrastar também as ações das petrolíferas. A perfuradora Exxon Mobil perde 3,57% e está a cotar nos 57,03 dólares.

Em sentido contrário, o ouro brilha à medida que os investidores vão procurando refúgio em ativos com valor intrínseco. O preço da onça de ouro já supera os 1.600 dólares, levando um avanço de 1,92%, para 1.674,8 dólares. Além da valorização do ouro, o receio dos investidores está bem espelhado no índice Vix, que mede a volatilidade no índice de referência norte-americano: está a somar 32,44%, para 22,62 pontos.

Stoxx 600 cai quase 4%. Itália afunda perto de 6%

Deste lado do Atlântico, a possibilidade da propagação acentuar-se a partir de Itália continua a provocar um rombo nas principais praças europeias. O índice mais penalizado é mesmo o italiano. O FTSE Mib, sedeado em Milão — que é também um dos epicentros da epidemia na Europa — afunda 5,93%.

Mas as perdas são generalizadas. O pan-europeu Stoxx 600 está a derrapar 3,85%, enquanto o índice português PSI-20 apresenta todas as 18 cotadas em terreno negativo. A queda em Lisboa é de 3,48% e todas as cotadas com maior peso figuram entre os piores desempenhos. É o caso da Nos, que derrapa mais de 5%, ou do BCP, que cai 4,53%. A Galp, pressionada também pela desvalorização do Brent, desliza 4,06%, e a EDP desvaloriza 3,36%.

Ambos os cenários de quedas na Europa e nos EUA somam-se ao que se verificou nas praças asiáticas. O Hang Seng perdeu 1,79%, o Taiwan Weighted derrapou 1,30% e o sul-coreano KOSPI cedeu 3,90%. As perdas foram menores no japonês Nikkei, que desvalorizou apenas 0,39% esta segunda-feira.

(Notícia atualizada pela última vez às 15h13)

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