Boris Johnson criticado por ‘facilitar’ vida às seguradoras
A cobertura padrão contratada por empresas britânicas para risco de interrupção de negócios não inclui fecho por decreto do governo. Poucas têm seguro com esta extensão adicional e PM é criticado.
A grande maioria das empresas na Grã-Bretanha não dispõe de uma cobertura de seguros para encerramentos por causa de epidemias como a Covid-19. “Independentemente de o governo ordenar ou não o fecho de determinados negócios, a grande maioria das empresas contrata apólices de seguro que não lhes permite reclamar junto da seguradora uma compensação pelo fecho do negócio devido ao coronavírus“, explica uma nota da Associação de Seguradoras Britânicas (ABI na sigla original), citada na imprensa local.
De acordo com o jornal The Guardian, que também aborda o assunto, um universo de apenas 2% das empresas terão contratado cláusulas adicionais que cobrem risco de interrupção de negócio por doenças infecciosas.
O primeiro-ministro (PM) britânico recomendou na segunda-feira que as pessoas evitem restaurantes, bares e clubes, e que trabalhem a partir de casa sempre que possível. Neste contexto, o governo de Boris Johnson deixou de pedir às empresas para fecharem as portas.
Agora, por causa da aparente mudança de discurso do primeiro-ministro do Reino Unido, chovem críticas nos media e nas redes sociais, acusando Johnson de estar a fazer a sua parte (a favor do setor segurador) depois de ter recebido 25,5 mil libras esterlinas da associação de corretores de seguros (BIBA) para falar na conferência anual da organização, em maio de 2019.
“Uma pequena minoria de empresas, tipicamente maiores, pode ter adquirido uma extensão da sua cobertura para encerramento forçado devido a qualquer doença infecciosa”, considera ainda a ABI. “Neste caso, um encerramento de atividade decretado pelas autoridades (figura que encaixa no conceito segurador de interrupção de negócio por força maior) poderia ajudá-las a participar um sinistro, mas isso dependerá ainda da natureza precisa da cobertura que compraram, portanto devem verificar com sua seguradora ou corretor para ver se estão cobertas”.
Um dos setores mais atingidos pela progressão do surto pandémico em Londres, por exemplo, é o da restauração e alojamentos.
Mark Jones, CEO da Carluccio´s – uma rede de restaurantes de cozinha italiana com mais de 70 estabelecimentos no Reino Unido e na Irlanda -, disse à Radio 4 (da cadeia BBC), que o grupo de restauração está a poucos dias de encerramentos em grande escala.
Por seu lado, a Compass – que opera um catering de referência responsável pelo fornecimento de refeições a muitas escolas, escritórios e clubes de futebol britânicos – já anunciou a suspensão de atividades em vários países europeus e no mercado norte-americano, assumindo ter sido severamente atingida pela crise do novo coronavírus.
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