Um, dois ou 4,5 metros. Há uma distância social correta?

Há quem aconselhe a manter um metro de distância para evitar o contágio de coronavírus, mas também há países que recomendam um pouco mais. E pode chegar mesmo aos 4,5 metros.

Numa altura em que aumentam os casos de coronavírus, as autoridades de saúde alertam para a necessidade de os cidadãos porem em prática o “distância social”. O objetivo é simples: diminuir o risco de contágio. Mas, na hora de pôr esse distanciamento social em prática, fica a dúvida: quanto é? Há quem defenda que se deve manter um metro, outros defendem que deve ser mais. No final, cada país adota a sua própria recomendação sobre qual é a distância de segurança.

Logo que a epidemia começou a ganhar lastro na Europa, depois de ter infetado milhares de pessoas na China, onde o Covid-19 surgiu, Governo e Direção Geral de Saúde (DGS) começaram a falar na distância social que os cidadãos devem manter, assim como a necessidade de se lavar frequentemente as mãos para evitar o contágio.

Segundo a DGS, essa distância social é de 1,50 metros. “Mais do que usar a máscara, é essencial manter a distância de segurança uns dos outros”, tem afirmado a a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas.

Mas esta medida difere consoante os ambientes. No caso dos centros comerciais, já há um decreto que obriga a manter uma distância mínima de dois metros das outras pessoas e prevê ainda que, por cada 100 metros, só podem estar quatro pessoas. Já no caso do atendimento ao público, a DGS recomenda que “o atendimento em balcão se realize a distância apropriada”, isto é, “pelo menos um metro, idealmente dois metros”.

Contudo, da parte da Organização Mundial de Saúde (OMS), as orientações são um pouco diferentes. No site da instituição, na parte dos conselhos sobre o coronavírus, é recomendado manter “pelo menos, um metro de distância de qualquer pessoa que esteja a tossir ou espirrar”.

E nos outros países? De um a dois metros

  • Alemanha: Distância mínima de 1,5 metros

O Governo alemão anunciou este fim de semana novas medidas de combate ao coronavírus. Numa altura em que a Alemanha conta com mais de 300.000 casos confirmados e mais de 13.000 mortos, Angela Merkel, citada pelo The New York Times (conteúdo em inglês), anunciou a proibição de grupos com mais de duas pessoas, exceto famílias, e uma distância mínima de 1,5 metros ou quatro passos de separação das pessoas. Estas novas regras estarão em vigor durante, pelo menos, duas semanas.

  • Brasil: Distância mínima de dois metros

No Brasil, o ministro da Saúde recomenda manter, sempre que possível, uma distância mínima de dois metros das outras pessoas. “Dois metros de uma pessoa para a outra. Essa é a recomendação atual de distância social. Porque quando falamos, a gotícula, mesmo que não vejamos, sai”, disse Luiz Henrique Mandetta, citado pelo O Globo.

  • Itália: Distância mínima de um metro

Em Itália, as recomendações do Governo e das autoridades de saúde são para manter uma distância social mínima de um metro entre as pessoas, de forma a evitar o contágio de coronavírus. Mas também aqui há exceções. De acordo com o Il Fatto Quotidiano (conteúdo em italiano), há um decreto que prevê que, nas situações em que os trabalhadores não consigam cumprir esta distância, devem proteger-se com máscaras. Uma medida que não está a ser bem aceite por muitos setores, que consideram isso insuficiente. A situação em Itália é, atualmente, das mais preocupantes do mundo, com mais de 50 mil infetados e mais de cinco mil mortes.

  • Espanha: Distância mínima de um a 1,5 metros

No país vizinho, Pedro Sánchez, o primeiro-ministro, apontou para uma distância social que deve ser cumprida para evitar o crescimento galopante de casos em Espanha. Essa distância é de um metro, mas na Catalunha é maior. O presidente da Generalitat, Quim Torra, anunciou este fim de semana que vai estabelecer uma distância mínima de 1,5 metros entre os trabalhadores, exceto nos serviços de saúde, sociais e órgãos de segurança, diz o La Vanguardia (conteúdo em espanhol).

  • Reino Unido: Distância mínima de dois metros

Aos britânicos é imposta uma distância mínima de dois metros, isto num país onde milhares de restaurantes já encerraram devido à pandemia. “Se as pessoas não souberem usar os parques e parques infantis de forma responsável, de uma forma que observa a regra dos dois metros de distância, claro que teremos de considerar mais medidas”, avisou Boris Johnson, depois de ter pedido à população para manter o distanciamento social.

  • França: Distância mínima de um metro

Em França, as recomendações da Direção-Geral de Saúde daquele país indicam uma distância mínima de um metro entre as pessoas. “Estamos a caminhar rapidamente para uma epidemia generalizada no país”, disse este sábado o diretor-geral de Saúde francesa, citada pelo Le Parisien (conteúdo em francês). Jérôme Salomon pediu ainda aos franceses para “respeitarem estritamente as instruções”, tanto da distância social como da quarentena.

Estudo chinês aconselha a manter distância superior a 4,5 metros

Apesar de todas as recomendações/obrigações, um estudo feito pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da Província de Hunan, citado pelo South China Morning Post (conteúdo em inglês), contrariou os números avançados por estes países. Mesmo antes de haver um surto, quando apenas se contavam alguns casos, ocupou-se um autocarro e colocou-se uma pessoa infetada (sem máscara) nos lugares do fundo.

O estudo concluiu que oito pessoas ficaram infetadas, incluindo as que estavam a 4,5 metros de si. Ou seja, uma distância de 4,5 metros não é suficiente para evitar o contágio. “Pode confirmar-se que, num ambiente fechado com ar condicionado, a distância de transmissão do novo coronavírus vai ser superior à distância normalmente recomendada”, escreveram os autores, num artigo publicado na revista Practical Preventive Medicine.

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