Mota-Engil cancela dividendo devido à Covid-19. Admite reavaliar remuneração acionista no futuro

A Mota-Engil não vai distribuir dividendos aos acionistas devido à Covid-19. Devido à incerteza, o Conselho de Administração decidiu propor a transferência dos resultados de 2019 para reservas. Dependendo do desenvolvimento da pandemia, admite vir mais tarde a usar essas reservas para distribuir dividendos.

“Face ao momento complexo que vivemos, motivado pela já aflorada pandemia denominada Covid-19, com impactos reais e ainda não totalmente estimados em valor e tempo na economia mundial, o Conselho de Administração propõe à Assembleia Geral anual a transferência dos resultados líquidos do exercício, no valor de 1.323.125 euros e 74 cêntimos, para reservas livres“, refere a empresa no relatório e contas enviado esta terça-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A Mota-Engil é a quinta cotada do PSI-20 a decidir suspender o pagamento de dividendos devido à pandemia. A própria Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pediu às empresas da bolsa de Lisboa que tenham atenção à sustentabilidade de longo prazo nas propostas de remuneração dos acionistas.

A construtora liderada por Gonçalo Moura Martins alcançou resultados líquidos de 27 milhões de euros, no ano passado, em que as receitas ascenderam a 2,8 mil milhões de euros. Tendo em conta que a política de dividendos aponta para a distribuição de 50% a 75% dos lucros, os acionistas poderiam receber entre 13,5 e os 20,25 milhões de euros.

No entanto, a distribuição de dividendos não está completamente fora de questão. “Durante o exercício corrente e caso as condições económicas e financeiras melhorem, o Conselho de Administração poderá reavaliar o tema e nesse sentido equacionar a apresentação aos acionistas de proposta de distribuição de reservas”, explica a empresa.

No mesmo relatório, a Mota-Engil diz ainda que implementou um plano de contingência alinhado com as melhores práticas internacionais, definidas pelas autoridades de saúde, com um objetivo de proteger a saúde e bem-estar dos colaboradores em todas as geografias.

“Apesar de ninguém duvidar da gravidade do impacto económico do fenómeno, é impossível, ainda, ter ideia precisa da sua materialidade e profundidade. Teremos assim, em 2020, inusitados e acrescidos desafios enquanto famílias, sociedades e agentes económicos”, acrescenta.

(Notícia atualizada às 12h55)