Coronavírus trava entrega de 1,36 mil milhões a acionistas de seguradoras britânicas
Cumprindo recomendações de autoridades prudenciais e de regulação, companhias britânicas como Aviva, Hiscox, RSA e a Direct Line já anunciaram suspensão da distribuição de lucros a acionistas.
Companhias como Aviva, Hiscox, RSA e a Direct Line já anunciaram suspensão da distribuição de dividendos sobre os lucros do ano passado, respondendo assim a recomendações das autoridades prudenciais e de regulação do mercado britânico e da União Europeia.
Por força das incertezas que emergem da crise pandémica Covid-19 e prevenindo o efeito ao nível do rácio de solvência e disponibilidades de capital para fazer frente ao impacto do risco global na atividade operacional (nos segurados e na economia global) as seguradoras britânicas anunciam que a prometida distribuição de ganhos pelos acionistas fica, por enquanto, sem efeito.
Os anúncios já conhecidos de cancelamento e ou suspensão representam cerca de 1,2 mil milhões de libras esterlinas (1,36 mil milhões de euros ao câmbio corrente) que, em termos agregados, deixam de ser entregues aos acionistas das companhias seguradoras. Entre as instituições que já assumiram a retenção de dividendos estão Aviva Plc, Hiscox, RSA, Direct Line.
“Esta é uma decisão difícil, sobretudo em termos do impacto inicial que terá junto dos acionistas”, afirma Martin Sicluna, presidente da RSA, citado pela agência Reuters. “Nenhuma empresa existe no vazio e, neste momento, consideramos que é do melhor interesse da RSA, a longo prazo, abster-se de pagar dividendos e maximizar a nossa capacidade de apoiar os clientes, nos termos das respetivas apólices”, acrescentou.
A RSA Insurance Group plc emerge como nova entidade em 2008, depois da fusão entre a Royal Insurance e a Sun Alliance nos anos 90 do século passado. A companhia segura perto de 18 milhões de clientes em dezenas de países nos ramos propriedade, automóvel, responsabilidade civil e coberturas especializadas.
Por seu lado, a Hiscox – especialista em coberturas especializadas para peças de arte, empresas, automóveis clássicos, sequestro de pessoas e resgates – decidiu recuar no guidance (previsão da evolução de negócio) que defendia para 2020 e, em acréscimo, também cancelou a distribuição de dividendos que havia previsto. A estas informações junta a certeza de que não efetuará operações de recompra de ações próprias no ano em curso.
Em comunicado, a seguradora sediada nas Bermudas afirma que a proposta de dividendos previstos serem pagos em junho, já não será levada à assembleia-geral anual para aprovação. Mais, por causa da incerteza, a Hiscox assume que não pode fazer qualquer previsão rigorosa ou outlook (perspetiva) para 2020.
No mesmo sentido, a Aviva plc, correspondendo a recomendações de regulador europeu (EIOPA) e da autoridade britânica de regulação prudencial (PRA), vai reter a parte dos ganhos de 2019 que pretendia distribuir pelos seus acionistas. A decisão significa, para já, um incremento de sete pontos percentuais no rácio de capital da seguradora, que reforça para 182%.
Entre as mais importantes do Reino Unido e excluindo estas companhias, a Prudential plc e a Legal & General (L&G) eram as únicas que, até ao momento, não haviam assumido a intenção de reter dividendos.
Note-se que a suspensão ou retenção dos lucros devidos a acionistas não significa perda definitiva. Em sentido restrito, à exceção de tratar-se de cancelamento efetivo (caso da Hiscox), as decisões de suspensão ou retenção significam apenas que a partilha de lucros com os sócios fica adiado para momento mais oportuno.
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