No Alentejo, o Craveiral nunca fechou durante a pandemia. E foi parar à CNN

O Craveiral não fechou durante o estado de emergência e tornou-se um caso de sucesso que chegou à CNN. “Combater a pandemia via exemplo. Não nos deixamos vergar pelo medo” diz Pedro Franca Pinto.

“Aconteceu por acaso”, diz-nos o fundador do Craveiral Farmhouse Pedro Franca Pinto. “Quando foi decretado o estado de emergência, numa das nossas casas estava um casal de jornalistas belgas a quem eu disse que, na impossibilidade de viajar, poderiam permanecer connosco. Fizemos uma entrevista e por iniciativa própria, eles entraram também em contacto com o programa Quest Means Business, do jornalista Richard Quest e foi assim que aparecemos na CNN”.

A razão? O Craveiral nunca fechou, nem pôs ninguém em lay-off; foram dos primeiros a atuar oferecendo as casas para as autoridades de saúde; distribuíram refeições porta a porta com um custo simbólico de 3 euros; tinham visitas regulares dos médicos. Ou seja, dentro das limitações o Craveiral manteve o espírito e alma que o caracterizam, adaptando-se às circunstâncias: das 38 casas apenas 22 podiam ser utilizadas para reduzir o número de pessoas nas áreas comuns; os check ins e check outs feitos por telecomunicação podendo as pessoas irem diretamente para as casas, recebendo a chave eletronicamente no telemóvel; os pequenos almoços eram servidos nas casas; a horta continuou a ser utilizada pelo hotel e pelos próprios hóspedes.

"Há aquela expressão brasileira que utilizo muito quando tenho uma dificuldade, “no final dá tudo da certo, se ainda não deu, é porque não é o final”…”

Pedro Franca Pinto

Craveiral Farmhouse

“A decisão tem a ver com todas as dificuldades que já tive ao longo deste caminho e com a minha forma de estar na vida, e o facto de isto ser um projeto de vida. Não são dois meses que vão impactar o desenvolvimento do projeto. Há aquela expressão brasileira que utilizo muito quando tenho uma dificuldade, “no final dá tudo da certo, se ainda não deu, é porque não é o final”… e é seguir em frente, tendo como princípio cumprir os objetivos do projeto” explica o fundador.

E acrescenta: “Tendo isso bem definido, perante uma alteração de circunstância, é mais fácil adaptar. Tendo em conta que, face as suas características, é possível alocar as pessoas a outros serviços, por exemplo, as pessoas que faziam o check in ou o serviço às mesas, passaram a entregar pizas ao domicílio, durante o dia faziam plantações na horta, a manutenção de exteriores. Acho que é nos momentos difíceis, que os princípios que as empresas têm, devem ser cumpridos, e foi muito nessa lógica e combater a pandemia via exemplo. Não nos deixámos vergar pelo medo” acrescenta Pedro Franca Pinto, otimista em relação ao futuro: “acredito que 2021 vai ser um bom ano”.

A meio caminho entre o campo e o mar

O Craveiral Farmhouse é um novo conceito na Costa Alentejana, a poucos quilómetros da Zambujeira do Mar, que se apresenta como um turismo de natureza com alma. Quase sempre os lugares especiais e que nos fazem sentir especiais, são feitos de uma história. E sobre o Craveiral Farmhouse são muitas as histórias que se podem contar. A de um campo de cravos solitário na Costa Alentejana e um advogado lisboeta que sonhava um dia ser agricultor. Diz-se que se cruzaram-se num dia de primavera e foi amor à primeira vista: um era um terreno menosprezado, mas com um potencial natural que poucos tinham a capacidade de entender. O outro trabalhava num escritório, mas sabia que tinha a capacidade de arregaçar as mangas, pôr as mãos na terra e dar vida a um projeto turístico a meio caminho entre o campo e o mar. Foi deste encontro feliz que nasceu o Craveiral Farmhouse, um turismo de natureza que muito mais do que apenas uma unidade hoteleira na Costa Alentejana é uma história de sonhos e de resiliência. Um projeto de vida e para a vida, não só a daqueles que o fazem acontecer diariamente, mas também a dos que passam por lá.

Mas há outras histórias, de emoções e de ciclos de vida, como nos conta o proprietário Pedro Franca Pinto. O seu desejo era deixar um legado aos filhos, após ter sido pai pela primeira vez. Chama-lhe um legado emocional, mais do que material. “O Craveiral nasce em termos conceptuais há 10 anos. Nasce com o nascimento do meu primeiro filho, são momentos que marcam e que me fez pensar no que eu queria fazer e deixar para ser feliz e proporcionar felicidade à minha família. Eu estava na área de imobiliário, turismo e restruturação de empresas como advogado, conhecia muitos bons exemplos e também muitos maus exemplos de promoção de empreendimentos turísticos, e isto funcionava como a minha reserva de pureza daquilo que eu achava que deveria ser feito e muito numa ótica de cliente. Não tanto numa ótica pura e dura financeira, mas mais emocional, de proporcionar experiências aos hóspedes, acreditando que criando um produto, um projeto com estas características, acabaria por funcionar do ponto de vista financeiro e ao nível de posicionamento/preço.”

A ideia nunca foi fazer um simples hotel onde se vai dormir, mas antes o prazer de receber bem e de proporcionar experiências únicas. Um regresso às origens, mas com o conforto da vida contemporânea.

Pedro Franca Pinto

Craveiral Farmhouse

Autenticidade, pertença, simplicidade, partilha e bem-estar são os conceitos que estão na origem e no dia-a-dia de tudo o que é criado e vivido no Craveiral. A ideia nunca foi fazer um simples hotel onde se vai dormir, mas antes o prazer de receber bem e de proporcionar experiências únicas. Um regresso às origens, mas com o conforto da vida contemporânea, sempre no enquadramento da natureza e da calma dos dias que passam sem pressa.

Cerca de nove hectares de ar puro e de flora em bruto, com quatro núcleos de 38 casas, que nos fazem sentir em casa e que respeitam os princípios de um turismo sustentável. Junta-se quatro piscinas, um centro de bem-estar, uma horta biológica, um pomar, um charco natural mediterrânico, animais da quinta, um restaurante farm to table, um centro de interpretação da natureza e até aulas de Ioga. Pedro Franca Pinto imaginou-o com “um sítio onde há sempre o que fazer, mas onde também se pode não se fazer absolutamente nada”.

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