Quase 70% das empresas ainda não recebeu o dinheiro que pediu ao banco

Inquérito da CIP mostra que quatro em cada dez empresas suspendeu ou cancelou totalmente os investimentos previstos para 2020. Mantêm-se as queixas aos atrasos nas linhas garantidas pelo Estado.

Quase sete em cada dez empresas ainda não recebeu o financiamento que pediu ao banco ao abrigo das linhas de crédito com garantia do Estado, segundo um inquérito da CIP – Confederação Empresarial de Portugal. Com a procura a exceder os dez mil milhões, António Saraiva diz que muitas vão ficar por terra se o Governo não reforçar novamente as linhas.

“A linha tem um montante de 6,2 mil milhões. As candidaturas ultrapassam os 10,5 mil milhões de euros. Facilmente se constata que há empresas que não vão aceder à linha se ela não for aumentada”, alerta António Saraiva, presidente da CIP, na apresentação do inquérito semanal ao setor empresarial.

Os resultados do estudo mostram que 42% das empresas já pediu financiamento ao abrigo destas linhas. Destas empresas, apenas 31,2% recebeu o financiamento bancário ao abrigo destas linhas, enquanto a maior parte (68,8%) ainda não viu o dinheiro na conta.

As queixas em relação à morosidade do processo não são novas. António Saraiva justifica com a burocracia e complexidade na contratação (que tem de passar ainda pela Sociedade de Garantia Mútua), a falta de perceção do Governo em relação à crise (teve de aumentar por várias vezes a linha que começou nos 200 milhões de euros) e ainda a aversão ao risco que os bancos têm demonstrado (apesar da garantia pública, os bancos têm de assumir 20% de risco).

Saraiva adianta que a maioria das empresas que ainda não teve financiamento bancário são micro ou pequenas empresas com “pedidos de 20 ou 30 mil euros que as ajudaria a enfrentar dificuldades em que se encontram”.

Mais de 40% das empresas suspendeu ou cancelou investimento

Os dados da CIP revelam ainda que apenas 18% das empresas tem a intenção de manter os investimentos previstos para este ano. Por outro lado, 42% das empresas suspendeu temporariamente ou cancelou totalmente todos os investimentos.

São sobretudo pequenas e micro empresas que referiram que vão suspender ou cancelar totalmente os investimentos. Na sua maioria, iriam investir no reforço da capacidade produtivo ou na modernização das instalações, algo que já não irá acontecer, pelo menos para já.

A decisão de cancelar ou suspender os investimentos deve-se essencialmente à redução de encomendas e também à falta de perspetivas económicas.

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