INE confirma “interrupção quase total” do turismo em abril

A pandemia paralisou quase totalmente o setor do turismo em Portugal no mês de abril. Dados publicados pelo INE mostram variações de quase 100% no número de hóspedes e dormidas.

É um cenário inédito e histórico, mas que já era esperado: a atividade turística em Portugal praticamente parou em abril, mês em que a pandemia atingiu o pico no país. Os dados publicados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para uma variação homóloga de 97,1% no número de hóspedes e de 96,7% no número de dormidas, o que confirma a “interrupção quase total da atividade turística” em abril.

As restrições às deslocações entre países, bem como outras medidas de contenção do coronavírus, penalizaram fortemente o turismo como nunca antes visto, um setor em grande crescimento em Portugal ao longo dos últimos anos. A estimativa rápida do INE indica que, em abril, Portugal registou 68 mil hóspedes e 193,8 mil dormidas, respetivamente quedas de 97,1% e de 96,7% comparativamente com abril de 2019.

Em cadeia, isto é, comparativamente com março, as descidas são menores, mas mesmo assim expressivas. O número de hóspedes decresceu 62,3% de março para abril, e o número de dormidas caiu 58,7% no mesmo período, segundo a informação do INE.

O primeiro caso de coronavírus em Portugal foi registado a 2 de março, mas as restrições foram implementadas em meados desse mês. Abril é, por isso, o primeiro mês a refletir na totalidade o impacto do choque provocado pela pandemia, informação que é conhecida numa altura em que já existem mais de 31.000 infetados em Portugal.

Segundo o INE, em abril, as dormidas de residentes terão diminuído 92,7% em termos homólogos, ou 57,6% face a março. As dormidas de não residentes caíram mais, derrapando 98,3%, ou 59,2% em cadeia. “Em abril, no contexto do estado de emergência, cerca de 80,6% dos estabelecimentos de alojamento turístico terão estado encerrados ou não registaram movimento de hóspedes”, aponta o mesmo instituto.

Quanto ao tipo de turistas que pernoitaram em Portugal em abril, também houve alterações. “O perfil dos poucos turistas que pernoitaram nos estabelecimentos de alojamento turístico neste mês terá sido diferente do habitual, tendo sido reportadas ao INE diversas situações, como por exemplo de hóspedes que ficaram retidos em Portugal sem possibilidade de regressarem ao seu país de residência, ou de pessoas que, por motivos profissionais, tiveram de se deslocar no país e pernoitar fora do seu local de residência”, explica o INE.

Mas estes dados “poderão ser revistos” na próxima divulgação de informação sobre a atividade turística, que está marcada para 17 de junho. “A atual pandemia está a condicionar a atividade da generalidade dos setores económicos, a nível nacional e mundial, particularmente do turismo. Dada a preocupação que se está a gerar sobre este setor, o INE volta a divulgar antecipadamente as estatísticas mensais sobre a atividade turística, correspondentes a abril de 2020, baseadas na informação primária recolhida até 27 de maio no âmbito do inquérito à permanência de hóspedes na hotelaria e outros alojamentos”, justifica o instituto.

Alojamentos reportam cancelamentos até agosto

Prevê-se que o cenário de dificuldades se mantenha mais alguns meses, apesar do desconfinamento gradual que tem sido promovido em vários países, incluindo em Portugal.

Num inquérito adicional, que contou com a participação de 5.000 estabelecimentos de alojamento turístico para avaliar as perspetivas para o turismo nos próximos meses, 78,4% responderam que a pandemia “motivou o cancelamento de reservas agendadas para os meses de março a agosto de 2020”. Estes respondentes representam 90,4% da capacidade de oferta, segundo o INE.

Contudo, o instituto nota que a percentagem de cancelamentos “varia inversamente com a extensão do horizonte temporal”, um sinal de maior confiança da parte dos potenciais hóspedes. 74,4% dos estabelecimentos de alojamento turístico reportaram cancelamentos para junho, 63,6% para julho e 57,5% para agosto.

Consulte o destaque do INE na íntegra:

(Notícia atualizada pela última vez às 11h35)

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