Pandemia atira crédito ao consumo em abril para mínimos de mais de sete anos

Portugueses foram buscar aos bancos e financeiras 203 milhões de euros em crédito ao consumo em abril. Trata-se do valor mais baixo desde pelo menos o início de 2013.

Em plena pandemia, os portugueses recorreram menos ao crédito ao consumo. Em abril, um mês em que o país e a economia portuguesa estiveram quase paralisados, bancos e financeiras disponibilizaram 203 milhões em crédito ao consumo. Trata-se do valor mais baixo desde o início de 2013, pelo menos.

Os dados divulgados pelo Banco de Portugal (BdP) esta segunda-feira apontam para uma quebra acentuada no montante dos empréstimos para consumo concedidos em abril. No total, foram 203,1 milhões de euros, uma redução de 63,19% face aos 551,6 milhões que tinham sido disponibilizados no mês precedente. Ou seja, uma quebra de mais de 300 milhões de euros num só mês.

Em abril, intensificou-se assim a quebra do recurso ao crédito ao consumo que já se tinha verificado em março, mês em que foi reportado o primeiro contágio por coronavírus em Portugal e decretado, posteriormente, o estado de emergência.

Crédito ao consumo afunda em abril

Fonte: Banco de Portugal

Todas as categorias de crédito ao consumo sofreram quebras acentuadas nos montantes disponibilizados em abril. Mas o maior contributo veio, sobretudo, do crédito pessoal e do crédito automóvel.

Nos outros créditos pessoais — categoria que abrange, por exemplo, o financiamento para a aquisição de artigos para o lar, eletrodomésticos ou férias — a redução foi na ordem dos 62,3%. Com esse fim, em abril, foram concedidos pelos bancos e financeiras 97,9 milhões de euros, menos de metade quando comparado com os 259,7 milhões que tinham sido disponibilizados em março. No histórico da entidade liderada por Carlos Costa, com início em janeiro de 2013, nunca se assistiu a um montante tão baixo.

Já no que diz respeito ao crédito automóvel, a diminuição no valor financiado foi de 65,78%, passando de 208,1 milhões de euros, em março, para 71,2 milhões de euros, em abril. Trata-se também do valor mais baixo do histórico, que coincide com um mês em que se registou uma redução sem precedentes nas vendas de automóveis em Portugal.

Com os stands encerrados por causa do estado de emergência, em abril, as vendas de carros tombaram 84,6%, sendo esta uma “queda histórica” no mercado automóvel, de acordo com os dados reportados pela Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP).

Também a utilização dos cartões de crédito sofreu um tombo histórico. O montante de financiamento disponibilizado por esta via caiu 57,62% em abril, para um valor em torno de 33 milhões de euros.

A queda foi ainda mais acentuada no caso do crédito pessoal com finalidade educação, saúde, energias renováveis e locação financeira de equipamentos, envolvendo, contudo, montantes mais pequenos. O corte foi de 83,88%, passando de 5,9 milhões, em março, para 955 mil euros, em abril.

(Notícia atualizada às 11h40)

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